
Simone Martiningui Onzi, Daianny Madalena Costa
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v. 29, n. 1, Passo Fundo, p. 222-247, jan./abr. 2022 | Disponível em www.upf.br/seer/index.php/rep
o pedagogo entra naquelas situações em que a atividade docente extrapola o âmbito específico da
matéria de ensino: na definição de objetivos educativos, nas implicações psicológicas, sociais,
culturais de ensino, nas peculiaridades do processo de ensino e aprendizagem, na detecção de
problemas de aprendizagem entre alunos, na avaliação etc. O pedagogo entra, também, na coor-
denação do plano pedagógico e planos de ensino, da articulação horizontal e vertical dos
conteúdos, da composição das turmas, das reuniões de estudo, conselho de classe etc.
Logo, o pedagogo é quem “lida com os meios intelectuais e técnicos que possi-
bilitam o ensino e a aprendizagem de modo ótimo” (GHIRALDELLI JR, 2007, p. 12).
Nesse cenário educativo e pedagógico, para a educação não formal cabem os processos
educativos que ocorrem fora das escolas, em situações organizacionais da sociedade ci-
vil, ações coletivas referentes ao terceiro setor da sociedade, abrangendo movimentos
sociais, organizações não governamentais e entidades sem fins lucrativos da área social
e ainda projetos comunitários e sociais (GOHN, 2011).
Por isso, nesses espaços é fundamental delinear práticas educativas que conside-
rem o “mundo em que vivem”, os sujeitos que dali participam, ou seja,
qualquer que seja o caminho metodológico construído ou reconstruído, é de suma importância
atentar para o papel dos agentes mediadores no processo: os educadores, os mediadores, assesso-
res, facilitadores, monitores, referências, apoios ou qualquer outra denominação que se dê para
os indivíduos que trabalham com grupos organizados ou não. Eles são fundamentais na marcação
de referenciais no ato de aprendizagem, eles carregam visões de mundo, projetos societários, ide-
ologias, propostas, conhecimentos acumulados etc. Eles se confrontarão com outros participantes
do processo educativo, estabelecerão diálogos, conflitos, ações solidárias etc. [...] Por meio deles
podemos conhecer a visão de mundo que estão construindo [...] (GOHN, 2010, p. 47).
Assim, as inquietações iniciais têm a ver, primeiramente, com os espaços de par-
ticipação - o que os caracteriza? E o que vem a ser participação? Por isso, compreendida
muitas vezes, por conceituar como consentimento, - atribuição da autoridade em con-
sultar sobre um assunto determinado, não significando decisão na execução final, mas
somente uma prerrogativa que compete à autoridade hierarquicamente superior. A essa
forma designamos como “pseudoparticipação”. Aqui estaremos nos filiando, ao con-
trário, à concepção pretendida por Gohn (2001), denominada “democrático-radical”
que postula a participação para fortalecer a sociedade civil a partir de seu caráter plural
e da criação de uma nova cultura de dividir responsabilidades (GOHN, 2001). Essa
participação apontará uma nova realidade social e terá a comunidade como parceira,
pois será coautora na transformação social. Participação aqui, portanto, se articula com
cidadania.