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ESPAÇO PEDAGÓGICO
v. 27, n. 1, Passo Fundo, p. 89-109, jan./abr. 2020 | Disponível em www.upf.br/seer/index.php/rep
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Quênia Renee Strasburg, Berenice Corsetti
narrativas abrem caminho para o quase-mercado e para privatização da educação
com a anuência da sociedade.
Notas
1
“A educação precisa de respostas” foi tema de uma campanha recente da emissora gaúcha, que divulgou o
assunto na mídia. Foi uma campanha liderada pelo Grupo RBS veiculada, em especial, aos estados do Rio
Grande do Sul e de Santa Catarina, nos anos de 2012 e de 2013. Disponível em: http://www.clicrbs.com.br/
especial/rs/precisamosderespostas/pagina,0,0,0,0,Sobre-o-projeto.html. Acesso em: 20 out. 2018.
2
Terceira cultura é a chamada cultura da comunicação de massa, que pode ser compreendida como alimen-
tada a partir de outras culturas, como a cultura nacional, a cultura familiar, a cultura religiosa etc. Os
meios de comunicação de massa, tais como rádio, jornal, televisão, revista, livro, cinema, entre outros, são
dirigidos, em geral, para entretenimento, lazer e informação. Além disso, integra a divulgação por meios
eletrônicos como TV, antenas, celulares e internet (MELO; TOSTA, 2008, p.14).
3
O termo meios de comunicação de massa é entendido como designando meios tecnológicos, eletrônicos,
digitais que realizam uma intermediação entre a mensagem e o receptor entre os quais estão: a imprensa,
a TV, o rádio, a internet etc.
4
A indústria cultural, termo cunhado por Theodor Adorno e Max Horkheimer (1944), propunha criticar
e denunciar a cultura de massa, nas décadas de 30 e de 40 do século XX. Para os autores, a indústria
cultural era a forma utilizada para produção de uma falsa cultura que descaracterizaria uma cultura
de fato, ou seja, aquela compreendida como cultura erudita. Essa cultura de massa designa uma cultura
produzida longe de seus consumidores, apenas para entretenimento. Os dois autores, de formação eru-
dita, fizeram uma crítica ao formato que a cultura moderna estava tomando. Para eles, a racionalidade
comercial e tecnológica da burguesia domina todas as esferas da vida através da ideologia capitalista. O
ser humano comum estaria perdido numa névoa, sem condições de fazer a análise crítica desse processo
de desenvolvimento e acumulação a qualquer custo. A denúncia se fixava na questão de que a indústria
cultural do entretenimento era produto da estrutura econômica do mercado, o que não favorece a crítica e
auxilia na manutenção de uma sociedade autoritária. Assim, esses autores possuem uma visão negativa
sobre a indústria da cultura, que está assentada na dominação e na manipulação. A principal recusa aos
apontamentos da Teoria da Indústria Cultural, que se faz na atualidade, está centrada na concepção da
escola de Frankfurt, com relação ao entendimento do conceito de cultura, que foi sendo problematizado
nas décadas posteriores do século XX. Nesse sentido, é como se os referidos autores trabalhassem com uma
compreensão estreita de cultura, na qual a diversão e o entretenimento não são importantes, tais como
a arte popular e/ ou a arte para diversão. Somente as manifestações que elevassem o espírito e tivessem
como intenção conhecimentos mais profundos e reflexivos poderiam sem consideradas verdadeiras formas
de cultura. As outras formas de criar, consumir e difundir cultura eram vistas como alienantes, pois es-
tavam ligadas ao conformismo. “A indústria cultural teria o monopólio da formação das consciências, pois
atingiria a todos igualmente, reduziria a participação ativa dos grupos sociais e dos indivíduos. Em linhas
gerais, então, todos aceitariam passivamente a dominação da sociedade burguesa ao consumir seu entre-
tenimento”. (SETTON, 2010, p. 46).
5
Por impresso pedagógico, compreendemos todos os meios de comunicação especializados em educação, os
quais estão desde os livros didáticos passando por jornais, revistas, manuais e divulgações utilizadas pelos
professores. (ROCHA, 2016, p. 7).
6
O gerencialismo foi estudando, primeiramente, na Grã Bretanha sob os governos de Tatcher (1979-1992)
e John Major (1992-1997) e, posteriormente, foi introduzido também nos EUA e na Nova Zelândia. New-
man e Clarke (2012) ressaltam que o gerencialismo, assim como todos os outros movimentos que temos
descritos aqui, sempre precisam ser analisados dentro das particularidades da história nacional. Essa
interpretação complexa deve ocorrer mesmo quando as análises são endereçadas às redes internacionais
ou transnacionais de modelos de políticas.