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ESPAÇO PEDAGÓGICO
v. 27, n. 1, Passo Fundo, p. 244-266, jan./abr. 2020 | Disponível em www.upf.br/seer/index.php/rep
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Samuel Mendonça, José Aguiar Nobre
democrático, como um modo de vida, não seria uma tarefa da escola, mesmo admitindo o risco de que se
teria, nisso, um conflito geracional que poderia ultrapassar os seus próprios como instituição – risco que se
tenta evitar a todo custo nas instituições atuais (a ponto de vermos emergir programas reacionários como o
ESP). Dessa forma, a leitura dessa obra de John Dewey pode nos auxiliar a compreender a potencialidade
de suas concepções de democracia e de educação para a formação ética, num contexto em que esta última
somente pode ser vista como uma forma de resistência aos descalabros contra a democracia e a escola”.
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“As poucas escolas em funcionamento estavam concentradas em Salvador, localizadas em antigas residên-
cias, muitas em ruínas. Era generalizado o costume do professor custear, com seus próprios vencimentos, o
aluguel da sala ou do prédio em que instalava a escola ou a cadeira. O governo não oferecia mobiliário esco-
lar, nem o professor o adquiria. Cabia ao aluno fornecer cadeiras e mesas. A pobreza permitia, no máximo,
o improviso em barricas, caixões, pequenos bancos de tábua, tripeças estreitas e mal equilibradas, cadeiras
encouradas ou tecidas a junco. Como Anísio chegou a presenciar, o comum era os alunos escreverem no
chão, estirados de bruços sobre papéis de jornal, ou então, fazerem seus exercícios de joelhos, ao redor de
bancos ou à volta das cadeiras” (NUNES, 2000, p. 90).
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“Fernando de Azevedo se incumbiu da redação desse manifesto público que procurou conciliar, provisoria-
mente, posições teóricas e políticas divergentes, produzindo um texto coeso assinado por cerca de vinte e
seis intelectuais brasileiros. Anísio Teixeira teve um papel decisivo na elaboração das ideias e da filosofia
desse documento, assim como aqueles que o assessorava na Direção Geral da Instrução Pública do Distrito
Federal” (PAGNI, 2008, p. 27).
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Mendonça (2019) demonstrou, em artigo publicado na Revista Philosophy of Education, que a crítica de
Dermeval Saviani a John Dewey em seu livro Escola e Democracia carece de rigor, dado que não há, nas
referências do pensador brasileiro, qualquer texto de John Dewey que autorizasse qualquer menção, so-
bretudo crítica.
Referências
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