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ESPAÇO PEDAGÓGICO
v. 27, n. 1, Passo Fundo, p. 278-283, jan./abr. 2020 | Disponível em www.upf.br/seer/index.php/rep
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Maria de Lourdes Pinto de Almeida, Silmara Terezinha Freitas, Diego Palmeira Rodrigues
Com essa abordagem, os autores explicam o significado do termo que define
o título da obra: commoditycidade – expressão essa que é usada de maneira heu-
rística para explicar o processo de transformação, tanto da definição, quanto do
funcionamento da universidade e da própria educação superior, no sentido de a
educação ser tratada como mercadoria.
No Capítulo I, Universidade, Tutelas e Políticas Educacionais: Da instituição
medieval à moderna. Alguns antecedentes da situação atual, é apresentada uma
linha do tempo que explicita a condição da universidade tutelada, no início, pelo
domínio da Igreja (Idade Média – Europa), já no século XVI, pela burguesia na fase
comercial do capitalismo, momento em que a estrutura e as funções da universi-
dade passaram por transformações e que se agregou à educação o termo “laica”.
Nessa parte do texto, os autores destacam que na condição de universidade tute-
lada, as transformações ocorridas desde a criação das universidades até o século
XIX foram mínimas no que tange aos objetivos, estrutura e modo de organização e
funcionamento das instituições (p. 23).
Seguindo a linha cronológica, de acordo com os autores, no século XIX emerge
a questão social em que são criadas as universidades cuja identidade passam a des-
locar-se do lugar, não apenas geograficamente, em que algumas continuam sendo
tuteladas, enquanto outras são direcionadas a fins como pesquisa e prestação de
serviços com o desafio de gestões ou regulações menos tuteladoras (p. 25).
Na parte final do capítulo, Bianchetti e Sguissardi enfocam um pouco da histó-
ria da universidade/educação superior no Brasil. A abordagem começa pelo século
XVIII em que a influência em termos de educação superior é napoleônica, quando o
Rei D. João VI, ao chegar no Brasil, autoriza o funcionamento das escolas superio-
res com características de faculdades para atender as necessidades da coroa por-
tuguesa, ofertando curso de Direito, Medicina, Engenharia Naval, Mineralurgia.
Contudo, após apresentação de um breve relato da instituição das universidades
brasileiras, os autores sinalizam para a importância em se perceber que com o pas-
sar do tempo as exigências da divisão técnica e social do trabalho foram impondo a
maneira como a universidade foi sendo organizada e funcionando na direção tanto
de especializações, terminalidades, quanto nas áreas de saber insulares, voltadas
para atender as demandas do mercado, no sentido de formar especialistas (p. 28).
O fechamento da primeira parte do livro situa-se na abordagem referente ao
século XIX, momento em que pelas inúmeras transformações na forma de orga-
nização e funcionamento das universidades, foram estabelecidos os modelos que
passaram a predominar até os dias atuais, ou seja, foi a partir de então que se ma-