
738 ESPAÇO PEDAGÓGICO
Este artigo está licenciado com a licença: Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Osdi Barbosa dos Santos Ribeiro, Alessandra Alexandre Freixo
v. 28, n. 2, Passo Fundo, p. 727-743, maio/ago. 2021 | Disponível em www.upf.br/seer/index.php/rep
alegria, de brincar, jogar, desenhar, pintar, fazer atividades da escola, ouvir histó-
rias, enfim, de sorrir e se sentir bem.
Cabe ressaltar, a partir da compreensão das crianças, o quanto a prática peda-
gógica na brinquedoteca é importante, pelo fato de tirá-las do isolamento e fazê-las
sorrir, sentir alegria. Ceccim (1997) e Botelho (2007) afirmam que os encontros nos
afetam, tanto pelos momentos de alegria como pelos de tristeza. Nesse sentido,
Botelho (2007) entende que a tristeza pode entravar, bloquear ou empobrecer nossa
vida, enquanto a alegria tem a capacidade de expandir-se, ampliar nossa forma de
olhar a situação vivida, apontando diferentes caminhos.
A melhor coisa era brincar na brinquedoteca com a pedagoga, porque eu tenho uma compa-
nhia. Assim, um distribui emoção para o outro, sentimentos, força para continuar lutando. Lê
historinha, ajuda a fazer as provas da escola e brinca (Amora).
Gosto de jogar Playstation e de pintar aqui na brinquedoteca com a pedagoga, porque a gente,
sozinho, não tem com quem a gente falar. Aí a gente não fica sozinho. Quando ela vem para
cá, conversa, conta história e outras coisas mais (Diego).
Analisando esses dados, compreendemos que, para os entrevistados, a brin-
quedoteca faz sentido com a presença da pedagoga que, em sua prática, faz coisas
incríveis, arranca sorrisos no momento de dor, medo e tristeza e ajuda a criança a
enfrentar a situação vivenciada. No estudo de Silva et al. (2016, p. 53), as crian-
ças compreendem o hospital como um lugar de tristeza, e, por vezes, na busca
de um ambiente menos agressivo, “[...] a brinquedoteca, conhecida por escolinha,
é reconhecida pelas crianças como um lugar agradável”, no qual elas participam
da prática pedagógica, com atividades lúdicas, tendo a oportunidade de brincar,
divertir-se e aprender.
Por meio da prática pedagógica, as crianças trazem a compreensão da brin-
quedoteca como um lugar mágico dentro do centro de oncologia. Trata-se de um
lugar em que se despontam sorrisos! As falas das crianças definem a brinquedoteca
como um lugar de alegria, de realizar atividades escolares (“dever” e provas), ler
um livro, jogar, desenhar, pintar, ouvir histórias, com possibilidade de transportá-
-las para um mundo imaginário, de pensar em outra coisa que não seja a doença,
encontrar-se com outras crianças e com a pedagoga, brincar um pouco, fazer o que
se gosta, conversar, falar de si e sorrir ao menos por um momento.
O profissional de educação não pode perder de vista que a criança hospitali-
zada é seu referencial dentro do hospital. Nessa perspectiva, a prática pedagógica
desenvolvida na perspectiva do enfoque educativo sugere flexibilidade e adapta-
bilidade, a fim de atender às peculiaridades da criança hospitalizada. Segundo