
684 ESPAÇO PEDAGÓGICO
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Alboni Marisa Dudeque Pianovski Vieira, Elza Fagundes da Silva
v. 28, n. 2, Passo Fundo, p. 671-688, maio/ago. 2021 | Disponível em www.upf.br/seer/index.php/rep
GOUVÊA, 2016; SINDICATO DOS PROFESSORES DO ENSINO OFICIAL DO
ESTADO DE SÃO PAULO, 2012; CALDAS, 2012; ANDRADE, 2012).
Em estudo conduzido com professores do município de Matinhos, Paraná,
Santos e Wanzinack (2017) registraram o adoecimento de 62% desses profissionais
em função da profissão, ou seja, mais da metade dos docentes já tiveram que se
afastar de suas atividades laborais. Os transtornos psíquicos foram as maiores
queixas entre os docentes, com o estresse alcançando 71% e a depressão 32%, sendo
o primeiro o responsável por 16% dos afastamentos.
Neste estudo, encontramos os transtornos mentais e comportamentais e as
doenças osteomusculares como as causas principais não só da concessão de licen-
ça-saúde, mas também para o afastamento do docente de suas funções. Entre os
transtornos mentais e comportamentais, os mais frequentemente observados fo-
ram: estresse, depressão, ansiedade, nervosismo e síndrome do pânico.
Em sua pesquisa, Andrade (2012) observou um acentuado percentual de li-
cenças em prorrogação, subtendendo o afastamento contínuo do educador, além
da associação de diagnósticos para uma mesma licença, ou seja, para a referida
autora, o educador não apenas adoece, mas adoece por várias causas.
De acordo com Thiele e Ahlert (2016), o que muitas vezes leva o professor a
não tomar medidas preventivas e nem a ter mais cuidados com os sinais que o
corpo apresenta é que, em caso de afastamento das atividades por doença, se é por
um período curto, retornando ao trabalho, deve repor as aulas. Isso inibe muitos
professores de tratarem suas doenças de forma preventiva, uma vez que, em vez de
cuidarem da saúde, ficam preocupados com o trabalho dobrado que terão ao voltar
às suas atividades, fazendo com que, além da doença, sintam-se culpados por seu
estado “improdutivo” e que se sintam julgados pelos outros.
Radaelli (2017), em pesquisa realizada em 2011 e 2017, com a finalidade de
calcular o nível de adoecimento e estresse entre os professores da Rede Estadual
da Paraná, encontrou que mais de 35% dos professores entrevistados com menos
de dez anos de docência já estão no nível de estresse de “quase exaustão”, momento
em que há risco do surgimento de doenças graves, como depressão, dependência
química e, em casos extremos, o suicídio. Outro dado preocupante encontrado pela
pesquisadora foi o alto índice de psicopatologias declaradas pelos participantes
da pesquisa: 40%. Neste estudo, o índice de psicopatologias que resultaram em
concessão de licença-saúde aos docentes correspondeu a 48,20% e 48,47% do total
de licenças concedidas em 2017 e 2018, respectivamente, o que demonstra a gravi-
dade da situação.