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ESPAÇO PEDAGÓGICO
v. 27, n. 2, Passo Fundo, p. 289-296, maio/ago. 2020 | Disponível em www.upf.br/seer/index.php/rep
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olhar integral sobre a vida humana e modos de conhecer e intervir na realidade
local.
Katia Adair Agostinho, professora da Universidade Federal de Santa Catari-
na, apresenta em seu artigo, A docência na educação infantil com a participação
das crianças, a possibilidade de construção de um projeto democrático e emancipa-
dor na educação das crianças, ao considerá-las como sujeitos de direitos e produto-
ras de sentido e, também, ao conceber a docência como um processo intencional e
aberto a apreender o conteúdo expressado-comunicado pelas crianças. Nos desdo-
bramentos da reflexão feita pela autora, fica o desejo de produção e consolidação de
uma sociedade com direitos sociais, tendo a escola como espaço democrático.
De Moçambique vem o artigo Participar não é só fazer activismos: olhares de
crianças e adolescentes moçambicanos, de Elena Colonna, docente da Universidade
Eduardo Mondlane. O texto traz resultados de uma pesquisa de natureza participa-
tiva, realizada em três contextos de Moçambique e financiada pela Unicef daquele
país. A autora analisa as oportunidades e as barreiras para a participação que
crianças e adolescentes encontram nos seus contextos de vida quotidiana, em nível
individual, nas relações de pares e na família. Seus estudos indicam que, apesar
dos desafios enfrentados, a expressão individual, as amizades e o contexto familiar
a que são sujeitas as crianças representam espaços significativos para exercer a
sua agência e participar, no sentido de “tomar parte em” e sentir-se incluídos. Para
as crianças e os adolescentes envolvidos na pesquisa, participar não é apenas o
envolvimento em atividades e contextos formalmente reconhecidos como tendo um
impacto na vida social, mas sim, um exercício quotidiano, que começa em si mes-
mos, da forma individual de expressar-se e apresentar-se ao mundo, e chega até a
escola, à comunidade e à sociedade em geral, passando pelas relações interpessoais
com os amigos e os familiares.
Apresenta-se o artigo de Inês Peixoto da Silva, professora convidada da Uni-
versidade do Minho, Ana Isabel Silva, doutora em estudos da criança, e Beatriz
Pereira Oliveira, professora catedrática da Universidade do Minho, todas membros
do CIEC, - Como se relacionam as crianças em contexto de jogo? Um estudo reali-
zado em crianças do 1º ciclo –, decorre de pesquisa financiada pela Fundação para
a Ciência e a Tecnologia no âmbito do projeto do CIEC (Centro de Investigação em
Estudos da Criança da Universidade do Minho). As autoras apresentam os resul-
tados de uma pesquisa que buscou compreender como as crianças do 1º e do 3º ano
de uma escola portuguesa de educação básica relacionam-se em contexto de jogo. A
maioria delas, independentemente do gênero e ano de escolaridade, é capaz de tra-