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ESPAÇO PEDAGÓGICO
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Distanciamento físico e ensino remoto: socializações em tempos de pandemia
v. 28, n. 1, Passo Fundo, p. 192-220, jan./abr. 2021 | Disponível em www.upf.br/seer/index.php/rep
O texto do CNE afirma ter sido escrito com a participação de entidades na-
cionais como a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime),
o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), a União Nacional dos
Conselhos Municipais de Educação (UNCME), a FNCEM, o Fórum das Entidades
Educacionais (FNE), além da interlocução com especialistas e entidades da socie-
dade civil.
O texto do CEE não especifica as instituições representadas, apenas menciona
que foram 18 instituições, e ao final do documento há uma “declaração de voto
contrário à deliberação” em questão, emitida pela APP Sindicato, revelando uma
das instituições participantes.
Os dois textos que não esclareceram a dimensão da participação, de indivíduos
e/ou grupos, para a produção da escrita, se compuseram de: um texto que apresen-
ta a proposta e forma de efetivação das aulas remotas, da Secretaria de Educação e
Esporte do Estado do Paraná e; um texto que se opõe a proposta de aulas remotas
em ambientes virtuais de aprendizagem, escrito pelo Sindicato dos Trabalhadores
em Educação Pública do Paraná (APP Sindicato).
Desta forma, é possível aferir que os discursos, presentes nos textos, emergem
de importantes instituições vinculadas a educação, órgãos públicos, universidades,
pesquisadores, estabelecimentos de educação, sociedade civil e movimentos sociais.
Todos os textos apresentaram importantes pontos de reflexão, com resultados
de pesquisas, sensos e análises sociais, mas com defesa de posicionamentos situa-
dos, ou seja, formas distintas de se pensar a educação transpareceram na leitura
do material. Por um lado, o pensamento da qualidade na educação por meio do
alcance de parâmetros internacionalmente balizados, com desenvolvimento de au-
tonomia e tecnologia no processo de ensino. Por outro lado, o discurso da educação
como prática humanizadora, includente, comunicativa e reflexiva, que preza pelo
respeito à diversidade, à equidade e à participação social.
Acreditou-se, portanto, que o indivíduo, na sua construção pessoal, pode ade-
rir, mais facilmente, aos discursos vinculados às suas instituições de pertença, ao
pensamento hegemônico em suas teias de relações, o que não excluiu a possibilida-
de de práticas reflexivas e rupturas.
No entanto, observou-se nos documentos e falas, que os indivíduos, diante do
panorama já apresentado, acabaram expostos a mais uma instância socializadora
em sua educação formal: o universo virtual, que invadiu o tempo do ensino e da
aprendizagem. Pois, se por um lado, de um momento para outro, todos estavam
diante de plataformas digitais de ensino e aprendizagem, para seu processo formal