
Nanci da Silva Teixeira Junqueira, Geraldo Antônio da Rosa, Terciane Ângela Luchese
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v. 29, n. 1, Passo Fundo, p. 265-283, jan./abr. 2022 | Disponível em www.upf.br/seer/index.php/rep
professor assumir a postura de articulador de aprendizagem, colocando-se contra prá-
ticas de desumanização. Nesse sentido, contribui para a compreensão da postura dos
profissionais de saúde frente a um nova perspectiva de trabalho e atuação profissional.
No decorrer dessa obra, Paulo Freire reforça o pensamento de que o professor
não é o mais inteligente porque domina conhecimentos pelos quais o educando ainda
não transita, e esse aluno deve ser participante do processo da construção da aprendi-
zagem. O autor também menciona a necessidade de o educador desenvolver-se como
pesquisador, sujeito curioso, que busca o saber e o assimila de uma forma crítica, porém
não ingênua, com questionamentos, e orienta seus educandos a seguirem também essa
linha metodológica de estudar e entender o mundo, relacionando os conhecimentos
adquiridos com a realidade de sua vida, sua cidade, seu meio social. Segundo Ceccim e
Ferla (2008), para a educação permanente em saúde não existe a educação de um ser
que sabe para um ser que não sabe. O que existe, como em qualquer educação crítica e
transformadora, são a troca e o intercâmbio que causam estranhamento e reflexões.
Freire reforça que, para termos qualidade na educação no Brasil, é necessário que te-
nhamos discentes ativos, criadores, instigadores e curiosos, pois isso faz com que o
educador abandone o papel de apenas transmitir conhecimento e passe a assumir uma
postura progressista ou crítico-reflexiva (FREIRE, 2015). Como docentes universitá-
rios, cabe-nos o desafio de estimular a criticidade dos acadêmicos e, dessa forma,
conseguir capacitar um futuro profissional que seja autônomo, líder, criativo, mas,
principalmente, empático com o outro, que nesse contexto será seu paciente e familia-
res. Precisamos, além das técnicas, estimular a inserção de políticas de humanização
nos atendimentos ao público em qualquer momento da atuação prática, com ou sem
pandemia.
Crivari e Berbel (2008) apud Villardi, Cyrino e Berbel (2015) acrescentam que
a formação necessita centrar-se na promoção da saúde, entendida como qualidade de
vida; no processo de trabalho; na interdisciplinaridade; no desenvolvimento de habili-
dades para a ação social e na capacitação na educação em saúde, a fim de formar, ao
mesmo tempo, bons profissionais e bons cidadãos.
É essencial que, na atualidade, formemos profissionais embasados não somente
em conhecimentos advindos da literatura, que muitas vezes mostram a realidade de
outros países, principalmente dos Estados Unidos, mas também em conhecimentos
que nasceram da resolução de problemas de nosso próprio país e comunidade em que
estamos inseridos (VILLARDI; CYRINO; BERBEL, 2015).
No movimento formativo permanente dos profissionais da saúde, podemos con-
siderar o que Freire (2015) escreveu e faz todo o sentido - não há ensino sem pesquisa: