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ESPAÇO PEDAGÓGICO
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v. 28, n. 2, Passo Fundo, p. 573-590, maio/ago. 2021 | Disponível em www.upf.br/seer/index.php/rep
* Doutora em Educação Cientíca e Tecnológica (UFSC). Professora do Departamento de Biologia Geral da Universi-
dade Estadual de Ponta Grossa (DEBIO/UEPG). Pesquisadora do Grupo de Estudos e Pesquisas em Filosoa, Políticas
Educacionais e Educação em Ciências (UnB), do Diretório do CNPq. Orcid: https://orcid.org/0000-0001-6082-8043.
E-mail: pctolentino31@gmail.com
** Doutor em Educação Cientíca e Tecnológica (UFSC). Professor da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília
(FE/UnB). Professor do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE-MP/UnB) e do Programa de Pós-Graduação
em Educação em Ciências (PPGEduC/UnB). Líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Filosoa, Políticas Educacionais
e Educação em Ciências (UnB), do Diretório do CNPq. Orcid: https://orcid.org/0000-0002-4157-6116. E-mails: profes-
sor.rodrigosouza@gmail.com / rodrigo.souza@unb.br
*** Doutora em Educação (UTP). Professora do Departamento de Pedagogia da Universidade Estadual de Ponta Grossa
(DEPED/UEPG). Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE-UEPG). Líder do Grupo de Pesquisa
em Trabalho, Educação, Formação de Professores e Educação do Campo (UEPG) e Pesquisadora do Grupo de Estudos
e Pesquisas em Filosoa, Políticas Educacionais e Educação em Ciências (UnB), ambos do Diretório do CNPq. Orcid:
https://orcid.org/0000-0001-5407-7685. E-mail: pa.tyleo12@gmail.com
Recebido em: 26/10/2020 – Aprovado em: 12/08/2021
http://dx.doi.org/10.5335/rep.v28i2.11785
O lugar do estágio curricular supervisionado das licenciaturas no contexto de
pandemia por Covid-19: as condições econômicas e sociais e a morbimortalidade
The place of supervised curricular internship of teacher training courses in the context of
pandemic by Covid-19: economic and social conditions and morbidity and mortality
El lugar de la práctica curricular supervisada de cursos de formación docente en el contexto de
pandemia por Covid-19: condiciones económicas y sociales y morbimortalidad
Patrícia Caldeira Tolentino Czech*
Rodrigo Diego de Souza**
Patrícia Correia de Paula Marcoccia***
Resumo
Este artigo apresenta reexões acerca do lugar do estágio curricular supervisionado nas licenciaturas no contexto
de suspensão das atividades acadêmicas e escolares presenciais em virtude da Covid-19, articulado com as con-
dições econômicas e sociais e as taxas de morbimortalidade oriundas da pandemia. A problemática que balizou
a discussão indaga: qual o lugar do estágio curricular supervisionado no contexto de suspensão do ensino pre-
sencial ocasionado pela pandemia por Covid-19? Na tentativa de responder essa questão, foram realizados: um
estudo teórico na legislação educacional referente à pandemia; um estudo dos dados ociais apresentados e dos
dados de pesquisas das áreas de educação e saúde. Fundamentado nesses estudos, este artigo discute as condi-
ções econômicas e sociais e a morbimortalidade da pandemia por Covid-19, articuladas à realidade do trabalho
docente no ensino remoto e de suas relações com o estágio curricular supervisionado nas licenciaturas. Eviden-
cia-se que as condições econômicas e sociais e a morbimortalidade da pandemia, juntamente com os problemas
ético-político-educacionais, os desaos da gestão escolar e do trabalho docente, virtual/remota ou presencial-
mente, também fazem parte da agenda de debates do estágio, por comporem a realidade escolar nesse momen-
to histórico. Defende-se, então, que o lugar do estágio curricular supervisionado das licenciaturas no contexto da
pandemia por Covid-19 consiste na problematização dessas condições que acentuam as desigualdades sociais
e educacionais brasileiras e implicam diretamente no trabalho docente e na formação inicial dos professores.
Palavras-chave: estágio supervisionado; ensino remoto; Covid-19; políticas educacionais; formação de professores.
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Abstract
This article presents a reection on the place of the Supervised Curricular Internship of Teacher Education cours-
es, in the context of suspension of academic and school activities in face of Covid-19, articulating it with the
economic, social and morbidity and mortality conditions. The research problem in this article is: What is the place
of the Supervised Curricular Internship of teacher training courses in the context of Pandemic by Covid-19? To
answer it, a theoretical study was carried out on the educational legislation on the pandemic; study of ocial
data and demographic research; and in research in the area of Education and Health. The economic, social con-
ditions and the morbidity and mortality of the pandemic by Covid-19 are discussed, linked to the reality of the
work of teachers in remote education and its relationship with the Supervised Curricular Internship. The results
show that the economic, social conditions and morbidity and mortality of this pandemic, the ethical-political
educational problems, the challenges of school management and teaching work, virtual or in person, are also
demands of the Internship. It is argued that the place of the Supervised Curricular Internship in the context of
the Pandemic by Covid-19 consists of problematizing these conditions that accentuate Brazilian social and edu-
cational inequalities and directly imply teaching and teacher training.
Keywords: supervised internship; remote teaching; Covid-19; educational policies; teacher training.
Resumen
Este artículo presenta una reexión sobre el lugar de la Práctica Curricular Supervisada de los cursos de For-
mación Docente, en el contexto de suspensión de actividades académicas y escolares frente al Covid-19, ar-
ticulando con las condiciones económicas, sociales y tasas de morbilidad y mortalidade. El tema que marcó la
discusión pregunta: ¿Cuál es el lugar de la Práctica Curricular Supervisada en Licenciaturas en el contexto de
Pandemia por Covid-19? Para responderla, se realizó un estudio teórico sobre la legislación educativa sobre la
pandemia; estudio de datos ociales e investigación demográca; y en investigación en el área de Educación y
Salud. A partir de estos estudios se discuten las condiciones económicas, sociales y de morbilidad y mortalidad
de la pandemia por Covid-19, vinculadas a la realidad del trabajo docente en educación remota y su relación
con la Práctica Curricular Supervisada. Los resultados muestran que las condiciones económicas, sociales y de
morbilidad y mortalidad de esta pandemia, los problemas ético-político-educativos, los desafíos de la gestión
escolar y el trabajo docente, virtual o presencial, también son demandas de la Práctica Curricular Supervisada.
Se argumenta, entonces, que el lugar de la Práctica Curricular Supervisada de cursos de pregrado en el contexto
de Pandemia por Covid-19 consiste en problematizar estas condiciones que acentúan las desigualdades sociales
y educativas brasileñas e implican directamente el trabajo docente y la formación de estudiantes de pregrado.
Palabras-clave: práctica supervisada; enseñanza remota; Covid-19; políticas educativas; formación de profesores.
Introdução
A vacina só será eficaz se ela também nos ajudar a
superar a doença da desigualdade social de acesso
à saúde (OLIVEIRA, 2020, não paginado).
A pandemia da Covid-19 explicitou e aprofundou as desigualdades de acesso à
saúde no Brasil. Porém, não foram somente as questões relacionadas à saúde que
foram expostas. A pandemia colocou em tela todas as desigualdades as quais estão
na base da sociedade de classes, com ênfase na desigualdade social. Articulada às
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desigualdades sociais e à saúde, amplificada no contexto pandêmico, há a relação
entre educação e saúde, a qual se constitui nas pesquisas desenvolvidas nas áreas
de educação, saúde pública, educação médica, práticas de saúde pública e coletiva
em educação, nas instituições de ensino superior que formam os profissionais de
saúde e os profissionais da educação na relação entre educação e saúde no contexto
escolar e em outros espaços educativos.
Historicamente, até os anos 1990, há a predominância de um caráter higie-
nista da educação em saúde no contexto escolar. Esse modelo se associa, em nível
internacional, à predominância do modelo biomédico de saúde, que enfatiza o refe-
rencial técnico-instrumental das biociências em detrimento do contexto psicossocial
dos pacientes (MARCO, 2006; SILVA et al., 2010; PEREIRA; BARROS; AUGUSTO,
2011). No entanto, na década de 1980, iniciam-se movimentos de educação popu-
lar em prol da educação em saúde que visam romper com esse modelo higienista
(SILVA et al., 2010). A partir dos anos 1990 ocorre, com maior evidência, um redi-
recionamento das práticas de saúde para a perspectiva do modelo biopsicossocial,
o qual passa a considerar o paciente como sujeito integral, pessoa humana, nas
suas dimensões biológica, psicológica e social (MARCO, 2006; SILVA et al., 2010;
PEREIRA; BARROS; AUGUSTO, 2011).
Dessa forma, a mudança de perspectiva do modelo biomédico para o mode-
lo biopsicossocial também encontra ressonância, a partir dos anos 1990, com as
possíveis práticas pedagógicas em educação e saúde na educação básica (MARCO,
2006; SILVA et al., 2010; PEREIRA; BARROS; AUGUSTO, 2011). Entretanto, a
prevalência da abordagem higienista nas escolas não foi superada, especialmen-
te, quando se abordam temas de suma importância como parasitoses, pediculose,
higienização das mãos, infecções sexualmente transmissíveis (IST), entre outras
patologias e problemáticas que se colocam à educação em saúde e à saúde pública
e coletiva.
Essa breve incursão acerca de educação e saúde na educação básica e modelos
de saúde aponta, de forma geral, para as relações colocadas sobre esse campo na
educação escolar. Ressalta-se que o modelo biopsicossocial de saúde considera os
elementos sociais e, por isso, as desigualdades que estão colocadas à saúde huma-
na. Porém, qual o espaço para o debate dessas questões, para que elas se façam
presentes no cotidiano da educação escolar? Seria o momento da formação inicial
dos professores propício para essas discussões?
As questões retóricas apresentadas não são respondidas de forma prescriti-
va neste artigo, mas tensionadas diante do contexto pandêmico vivido com mais
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indagações: qual o papel da educação escolar, com ênfase na escola pública, nesse
contexto pandêmico? As condições econômicas e sociais e a morbimortalidade da
pandemia por Covid-19 são objetos da educação escolar? Que dilemas os professo-
res estão enfrentando no cotidiano das aulas no ensino remoto? Como está o traba-
lho docente nesse momento? Como os estudantes das licenciaturas se aproximam
e vivenciam o estágio curricular supervisionado nesse cenário pandêmico em que
está inserido o trabalho docente atualmente? Quais conteúdos e conhecimentos
são mobilizados na educação escolar nesse período? Como esses conhecimentos
são apropriados pelos estudantes na realidade na qual se embaralham o isola-
mento social, o desemprego, o aumento da pobreza e as necessidades básicas de
subsistência?
Na tentativa de contribuir para as reflexões sobre as indagações supracitadas,
realizou-se um recorte temático dentre os objetos que compõem a área de pesquisa
em Educação, considerando-se também a realidade vivida pelos autores deste ar-
tigo, professores que atuam nas disciplinas de estágio curricular supervisionado,
nas relações entre a escola e a universidade mediadas por esse espaço formativo
das licenciaturas, buscando, também, avançar nas discussões já apresentadas por
Tolentino-Czech e Souza (2021).
Nessa direção, frente aos desafios colocados pelo ensino remoto, recurso mo-
bilizado para a continuidade da educação escolar e acadêmica em virtude da pan-
demia, pela realidade vivida de professores e estudantes no cotidiano das escolas
públicas e das universidades públicas brasileiras, nesse momento de aprofunda-
mento das desigualdades, do desemprego, da falta de alimentação e de saúde para
todos, além da alta taxa de óbitos; este artigo indaga: qual o lugar do estágio cur-
ricular supervisionado no contexto de suspensão do ensino presencial ocasionado
pela pandemia por Covid-19?
Na busca de respostas à problemática, apresentam-se os dados oficiais do Ins-
tituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (BRASIL, 2019) e os resultados
de pesquisas acadêmicas desenvolvidas acerca das condições econômicas e sociais
e de morbimortalidade por ocasião da Covid-19. Diante disso, apresentam-se, bre-
vemente, as condições que estão colocadas ao trabalho dos professores do estado do
Paraná no ensino remoto para, então, frente ao contexto de pandemia e de trabalho
docente nas escolas, discutir sobre o lugar do estágio curricular supervisionado
durante a pandemia por Covid-19.
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Condições econômicas e sociais e a morbimortalidade na pandemia por Covid-19
Segundo o Boletim Epidemiológico Especial (BRASIL, 2020d), do Ministério
da Saúde do Brasil, realizado no período de 20 a 26 de setembro de 2020, no dia
26 de setembro, foram confirmados 32.616.929 casos de Covid-19 no mundo. O
país com o maior número de casos foi Estados Unidos, com 7.033.430, seguido pela
Índia, com 5.903.932, e pelo Brasil, com 4.717.991. No que diz respeito ao número
de óbitos, foram confirmados 989.733 no mundo até o dia 26 de setembro de 2020,
sendo os Estados Unidos o país com o maior número de óbitos (203.774), seguido do
Brasil (141.406) e da Índia (93.379) (BRASIL, 2020d).
Os estudos do Banco Mundial (2019), com base nos dados da Pesquisa Na-
cional por Amostra de Domicílios (PNAD), mencionam que houve queda na renda
dos 40% mais pobres no Brasil, população equivalente a 85 milhões de pessoas, no
período de 2014 a 2019. Essas pessoas começaram o ano de 2020 em situação de
extrema privação, visto que não recuperaram sua renda. Tal condição se aprofun-
dou no contexto de crise sanitária por meio da pandemia por Covid-19, embora a
Renda Básica Emergencial de R$ 600,00 seja uma ação para minimizar a situação
econômica dessas pessoas, não é o bastante.
No tocante à pandemia por Covid-19, a realidade revela que ela produziu mais
queda em todos os níveis de distribuição de renda, expandiu o desemprego, o tra-
balho informal e o processo de adoecimento e morte, especialmente nas populações
mais vulneráveis. Segundo o site do Banco Mundial, a primeira mensagem na tela
é a de que as projeções indicam que o Brasil entrará na pior recessão de sua histó-
ria. Todavia, as medidas mencionadas para amenizar esse cenário são a consolida-
ção fiscal mais robusta e a adoção de reformas estruturais. Na prática, isso já está
ocorrendo, por meio de desvalorização da indústria nacional, venda de empresas
estatais a preços abaixo do valor justo e ataque ao trabalho, à proteção social e à
redução das despesas públicas, inclusive com saúde e educação.
Na sociedade neoliberal e capitalista, durante a pandemia por Covid-19, reve-
lam-se de forma mais aguda as ações políticas que retiram direitos dos(as) traba-
lhadores(as), diminuem a proteção social, tornam secundários os direitos sociais,
expandem a pobreza e a desigualdade, potencializam os discursos e as práticas
privatizantes da educação e da saúde, desmantelam os sistemas de ensino e o Sis-
tema Único de Saúde, as relações entre as condições educacionais, econômicas e
sociais e a morbimortalidade, que está colocada à classe que vive do seu trabalho.
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Santos et al. (2020, p. 225) evidenciam que a “Organização Mundial de Saúde
(OMS) concebe o racismo como um dos determinantes sociais do processo de adoeci-
mento e morte”. Sobre isso, o Informativo IBGE sobre Desigualdades Sociais por Cor
ou Raça no Brasil (2019) revela que os(as) trabalhadores(as) negros(as) e pardos(as)
representam parcelas significativas nas ocupações informais, são os que possuem
remunerações inferiores, baixa escolaridade, maior número de pessoas abaixo da
linha de pobreza, precárias condições de moradia, sendo Rio de Janeiro e São Paulo
os municípios em que há maior probabilidade desses segmentos residirem em aglo-
merados subnormais, adensamento domiciliar excessivo, ônus excessivo com alu-
guel, principalmente nos domicílios formados apenas por mulheres negras. Sobre
os serviços de saneamento básico, esses segmentos sociais apresentam baixo acesso
à coleta de lixo, ao abastecimento de água por rede geral, ao esgotamento sanitário
por rede coletora ou pluvial, implicando maiores condições de vulnerabilidade e de
exposição de doenças e de mortalidade do que a população branca.
As diferenças de saúde entre negros e grupos étnicos no contexto da Covid-19
são abordadas por Santos et al. (2020, p. 229), que identificaram, no
[...] relatório do governo de Nova York sobre 580 pacientes hospitalizados com a Covid-19
que inclui dados sobre etnia/raça [e] mostrou as piores taxas de mortalidade para a doença
para negros e minorias étnicas, ainda que fossem numérica e proporcionalmente menores.
O Brasil tardou para incluir a informação raça/cor nos sistemas de informa-
ção da Covid-19, sua inclusão é fruto das lutas de diversos coletivos e movimentos
sociais. A inclusão dessa pauta no boletim epidemiológico referente à semana 21 re-
vela o descaso com a “estratificação da raça/cor ignorada totalizava 51,3% (60.383)
do total de 117.598 casos confirmados” (SANTOS et al., 2020, p. 229). Os dados
mencionados apontam para os segmentos sociais historicamente excluídos, ou seja,
a população negra, pobre, coletivos étnicos, tais como indígenas, quilombolas, ribei-
rinhos, povos tradicionais, pescadores artesanais, entre outros, os quais estão muito
mais vulneráveis à Covid-19, assim como as pessoas privadas de liberdade e as que
vivem em situação de rua. Todos esses segmentos apresentam maior risco de óbito.
Não obstante, a maioria dos sistemas de informação em saúde e o próprio Mi-
nistério da Saúde expressam pouco ou quase nada de interesse em evidenciar o per-
fil das pessoas que adoecem e morrem por Covid-19. Os boletins epidemiológicos
publicados pelo Ministério da Saúde apresentam dados somente sobre óbitos, por
região, pessoas que foram infectadas, por região, profissão e gênero apontados nes-
sas profissões, por região. A mensagem tácita desses boletins é a de que o processo
de adoecimento e/ou morte por Covid-19 é uma fatalidade e que não tem relação com
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classe social, raça, gênero, etnia, acesso adequado à moradia, à saúde e à educação.
Observa-se, assim, o alinhamento na exposição dos dados, que deveria ser técnico-
-científica, com a ideologia conservadora que baliza o atual governo brasileiro.
Para Santos et al. (2020, p. 237), “a resposta à pandemia da Covid-19 envolve
a proteção de vidas e comunidades, obviamente em risco em nossa sociedade de-
sigual”. Nesse sentido, considera-se que o mapeamento do perfil das populações
vulneráveis contribuiria para a prevenção, o acompanhamento e o controle da pan-
demia; possivelmente se essas estratégias fossem adotadas, o Brasil não teria sido
o epicentro da Covid-19, em decorrência, não seria o segundo país do mundo com o
maior número de óbitos, visto que a prioridade seria a garantia do direito à vida.
A questão fundamental durante a pandemia é a de que os mais privilegiados
possuem esperança de vida superior aos não privilegiados, ou seja, a renda, as
condições socioeconômicas, os níveis de pobreza e de escolaridade, as condições
higiênico-sociais, a situação da moradia, a assistência à saúde, entre outros, podem
ou não traduzir maiores riscos de mortalidade pela Covid-19. Os filhos e as filhas
dessas populações estão na escola pública, portanto, é emergencial debater o que
se mostra sobre adoecimento e morte por Covid-19 na mídia em geral, problemati-
zando as condições econômicas e sociais, com vistas à superação desse sistema por
demais injusto.
Diante da discussão supracitada, considera-se que professores e professoras
em formação sejam interpelados por essa realidade, no sentido de desocultar as
condições históricas em que vivem os(as) vulneráveis muito antes da pandemia por
Covid-19, porém mais aguda nesse contexto.
Considerando-se a urgência desse debate no contexto escolar, apresenta-se, na
próxima seção deste artigo, uma breve contextualização do trabalho docente nas
escolas públicas do Paraná no contexto do ensino remoto por ocasião da pandemia.
Optou-se por apresentar o contexto paranaense pela aproximação dos autores com
essa realidade nas disciplinas de estágio curricular supervisionado.
O trabalho docente nas escolas públicas do Paraná em tempos de pandemia: uma
breve contextualização
Há um consenso entre os pesquisadores da área de Educação sobre as trans-
formações políticas, sociais e culturais no contexto escolar, e essas transformações
demandam uma outra perspectiva nos processos de ensinar e aprender. A formação
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de professores, nesse contexto, não pode desconsiderar a realidade social, econô-
mica e política do atual tempo histórico, configurado por uma sociedade neoliberal
cujo modo de governo das economias e das sociedades é a generalização do mercado
e da concorrência (DARDOT; LAVAL, 2016).
Nessa perspectiva, descortinou-se um cenário de pandemia, com um dos maio-
res desafios sanitários em perspectiva global e que impactou com todas as suas
forças o cotidiano da escola e do trabalho docente. Essa nova realidade expôs con-
trastes, especialmente no âmbito da saúde e da educação da população brasileira,
acirrou desigualdades sociais e educacionais e explicitou as contradições presentes
no processo educativo, da educação básica ao ensino superior, trazendo à tona uma
série de questões que precisam ser refletidas para sinalizar caminhos a serem se-
guidos.
Em decorrência desse contexto, um dos primeiros movimentos para evitar
uma sobrecarga nos serviços de saúde devido à pandemia foi a suspensão das ati-
vidades escolares em todos os níveis de ensino. Segundo Muñoz (2020), mais de 1,5
bilhão de estudantes, em 174 países, foram afetados pelo fechamento de escolas
em virtude da Covid-19. Devido à imprevisibilidade do percurso da doença, têm-se
mais dúvidas do que certezas em relação ao retorno das aulas.
No sentido de atenuar os prejuízos no processo de ensino e aprendizagem dian-
te da pandemia foram criadas políticas que possibilitam, em caráter excepcional, a
substituição de aulas presenciais por aulas a distância/remotas (BRASIL, 2020a,
2020b, 2020c). A inclusão de atividades remotas foi a alternativa utilizada pelas
instituições de ensino para mediar o processo formativo, sendo as tecnologias digi-
tais a principal ferramenta de apoio para a continuidade das aulas. No entanto, o
acesso a essas tecnologias não contempla todos os estudantes e professores, repre-
sentando um desafio frente ao acesso à educação, evidenciando-se que essa forma
de atividade também coloca sob a responsabilidade dos docentes um sobretrabalho
que não lhes pertence.
Nesse sentido, também há o discurso, muitas vezes veiculado pelas mídias
e por setores educacionais via organizações sociais, que reforça a ideia de que o
professor precisa ser formado para estar alinhado às demandas do século XXI,
às competências socioemocionais, a aprender a aprender e à inovação, para dar
conta das necessidades da sociedade neoliberal e, não necessariamente, para uma
qualidade da educação em si, de forma desinteressada. Pesquisas no âmbito da po-
lítica educacional sobre o trabalho docente já apontam para essas questões que se
apresentam à prática pedagógica numa perspectiva mais ampla, estrutural e não
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apenas focada no praticismo pedagógico, colocando o professor como protagonista
e obstáculo para a implementação das reformas educacionais e suas “inovações”
(EVANGELISTA; SHIROMA, 2007).
No estado do Paraná, por exemplo, durante a pandemia e a escrita deste arti-
go, o ano letivo de 2020 da educação básica segue com atividades remotas. Desde
o dia 06 de abril de 2020, a Secretaria de Educação e do Esporte (Seed) colocou
em funcionamento um sistema denominado de “Aula Paraná” com os conteúdos,
buscando atender 1,07 milhão de estudantes da rede estadual de ensino (PARANÁ,
2020). Nessa direção, a Seed1 aponta que são cinco as vias de acesso ao conteúdo
disponibilizadas na plataforma “Aula Paraná”:
(1) transmissão na televisão digital aberta, com três canais: um exclusivo
para os sextos e sétimos anos do ensino fundamental, outro para os oitavos
e nonos anos, e o terceiro para o ensino médio. As aulas têm horário pré-
-definido e duração de 45 a 50 minutos;
(2) canal “Aula Paraná” no YouTube®;
(3) salas de aula virtuais no Google Classroom®;
(4) aplicativo Aula Paraná, que fornece acesso para todos os conteúdos digi-
tais;
(5) materiais impressos aos alunos que não têm acesso à TV aberta ou a
smartphone.
No dia 20 de maio de 2020, a Seed2 apresentou que, nos primeiros 45 dias de
aulas, houve um total de 1.028 aulas nos canais digitais da TV aberta e 16 milhões
de visualizações no canal do YouTube®. O aplicativo Aula Paraná foi baixado por
mais de 800 mil usuários, com 579 mil acessos únicos, sendo que dessas pessoas 539
mil acessam diariamente o Google Classroom®, que são as salas de aula virtuais
em que se encontram os conteúdos, as atividades e os materiais de apoio, além dos
alunos que buscam materiais impressos nas escolas. No entanto, são muitas as
dificuldades encontradas. Segundo a Seed, em todo o Paraná, cerca de 20% dos es-
tudantes não possuem acesso aos canais de TV aberta e ao aplicativo Aula Paraná.
Esses estudantes estão recebendo material impresso em suas escolas, para darem
continuidade aos seus estudos. Na fanpage da Seed na rede social Facebook®, há
relatos que apontam para: o envio de um número excessivo de atividades, inclusive
durante a madrugada, finais de semana e feriados, a dificuldade dos pais em auxi-
liar os filhos nas atividades e a ansiedade dos alunos que não conseguem concluir
suas tarefas.
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Com relação à organização do trabalho pedagógico dos professores, a Seed
sinaliza que faz um levantamento diário e aponta 97% dos quase 43 mil professores
acessando os sistemas online, com a informação de que os professores já passaram
por mais de mil eventos virtuais em que foram feitas ações de formação e orien-
tação. Contudo, é complexa a realidade dos professores nesse processo. Além da
preocupação e da angústia geradas pela pandemia e pelo isolamento social a que
todos foram submetidos, os professores foram obrigados a adequar suas práticas
pedagógicas para o ensino remoto de forma súbita e, frequentemente, comprar no-
vos artefatos tecnológicos para trabalhar.
Na área de pesquisa em Educação é consenso de que os processos educativos e
escolares que são efetivados de forma aligeirada levam a práticas irrefletidas, nem
sempre exitosas, decididas sem consulta ou apoio dos profissionais da educação,
são generalizadas com o discurso de que foram exitosas. Estudos anteriores ao
cenário pandêmico já apontavam para a alta carga de sobretrabalho para os profes-
sores no contexto brasileiro, como Evangelista e Shiroma (2007, p. 537) sintetizam,
a seguir, o que contribui para reforçarmos o quanto o período de pandemia e ensino
remoto potencializam essa situação:
Os sintomas do sobretrabalho docente podem ser verificados numa longa lista de situações
que prenunciam o alargamento das funções docentes: atender mais alunos na mesma clas-
se, por vezes com necessidades especiais; exercer funções de psicólogo, assistente social e
enfermeiro; participar nos mutirões escolares; participação em atividades com pais; atuar
na elaboração do projeto político-pedagógico da escola; procurar controlar as situações de
violência escolar; educar para o empreendedorismo, a paz e a diversidade; envolver-se na
elaboração de estratégias para captação de recursos para a escola.
A partir disso, nas atividades remotas em tempos de pandemia, se, por um
lado, muitos alunos não têm acesso à internet, a artefatos tecnológicos (smartpho-
ne, personal computer, tablet, entre outros), por outro, também há professores que
não têm acesso a esses dispositivos e softwares e à internet com capacidade para
produzir conteúdos e disponibilizá-los para os alunos. Ressalta-se, ainda, que a
responsabilidade de comprar esses materiais de trabalho também onera financei-
ramente os docentes, pois, para ter um computador com a qualidade necessária
para o trabalho, o professor deverá comprá-lo, as faturas de uso da internet e da
energia elétrica utilizadas para o trabalho em casa também serão pagas pelo pro-
fessor. Assim, além da sobrecarga física e emocional de trabalho, o ato de trabalhar
em casa também sobrecarrega economicamente os docentes, suas contas e seus
vencimentos básicos mensais.
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Compreende-se que as experiências vividas pelos professores no Paraná po-
dem encontrar consonância com as experiências de outros docentes brasileiros, no
entanto, estas reflexões não possuem a pretensão de generalização.
Considerando as condições econômicas, sociais e a morbimortalidade na pan-
demia e o trabalho dos professores que estão em serviço nas escolas, atuando de
forma remota, qual o lugar do estágio curricular supervisionado durante a pande-
mia por Covid-19? Na próxima seção, apresentam-se reflexões sobre o estágio nas
licenciaturas no contexto pandêmico.
O lugar do estágio curricular supervisionado das licenciaturas no contexto de
pandemia por Covid-19
O estágio curricular supervisionado nos cursos de licenciatura consiste numa
atividade obrigatória e tem a finalidade de aproximar os licenciados da prática
profissional, vivenciando os dilemas e desafios da docência. Essa aproximação dos
futuros professores com o ambiente escolar e a atuação profissional docente difere
de outras iniciativas que acontecem na relação entre as universidades e a escolas,
como as atividades de prática pedagógica como componente curricular, Pibid, resi-
dência pedagógica e ações extensionistas, nas quais os licenciandos também desen-
volvem projetos em escolas. O estágio curricular supervisionado das licenciaturas
não consiste em desenvolver projetos nas escolas, mas, sim, na aproximação ao
exercício profissional da docência, supervisionado por professores orientadores da
universidade e professores supervisores das escolas. Assim, o estágio curricular su-
pervisionado é uma atividade obrigatória dos cursos de licenciatura, em consonân-
cia com os documentos oficiais que o preconizam (BRASIL, 1996, 2015a, 2015b).
Dessa forma, a docência no estágio curricular supervisionado é uma ação com-
plexa em todos os elementos que a compõem (CUNHA, 2010), desde a caracteriza-
ção dos espaços e dos sujeitos da prática pedagógica, a observação participante nas
aulas, as reuniões de planejamento com os professores supervisores, as regências,
até as ações que permeiam o espaço da escola, com seus sujeitos, e a construção
coletiva e singular da identidade docente dos licenciandos.
No estágio curricular supervisionado, há as articulações entre os conhecimen-
tos específicos das áreas de formação e os conhecimentos pedagógicos, que possi-
bilitam a construção da práxis docente, como García (1999, p. 29) aponta: “[...] de
modo a que aprender a ensinar seja realizado através de um processo em que o
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conhecimento prático e o conhecimento teórico possam integrar-se num currículo
orientado para a ação”.
Dentre os desafios do estágio curricular supervisionado, podem ser identifi-
cados desde os elementos burocráticos que permeiam aos trâmites legais e convê-
nios de cooperação entre as instituições de ensino, as resoluções de conflitos que
permeiam as ações do estágio, pois esse componente curricular não se limita a
apreensão de conteúdos e devolução desses em provas, até a dicotomia apontada
tradicionalmente pela área de Educação entre a teoria e a prática. De todo modo,
salienta-se que o estágio atua diretamente na formação da subjetividade dos licen-
ciados, na formação humana, no tornar-se professora e professor.
Perante a dicotomia clássica entre teoria e prática, que permeia as discussões
do estágio (denominada anteriormente de prática de ensino) e a didática, os pes-
quisadores da área nunca estiveram passivos em relação à problemática nos cursos
de formação de professores (PIMENTA, 2012; PIMENTA; LIMA, 2012). Há um mo-
vimento constante de estudos e propostas visando à minimização dessa dicotomia.
No entanto, é necessário trazer para o debate que há uma tendência fortemente
arraigada que coloca o estágio como a parte prática do processo de formação do
professor.
Considera-se, neste artigo, que a concepção teoria e prática deve sustentar
o estágio, compreendendo-o em um movimento dialético e histórico na realidade,
pois toda e qualquer prática está imersa em pressupostos teóricos, mas dialoga
dialeticamente com a realidade na construção de uma práxis. A partir dessa rela-
ção dialética entre teoria e prática enraizada na realidade, compreende-se que o
estágio não é apenas a maneira de realizar a aplicação prática dos conhecimentos
teóricos vistos no curso, e sim uma ação planejada, refletida e consciente do poten-
cial transformador da realidade que a docência e a educação possuem.
Dessa maneira, a formação dos professores, em especial nas atividades de
estágio, pode ser pensada numa perspectiva mais ampla, que englobe as condições
sociais, políticas, econômicas, epistemológicas, culturais, ideológicas, educacionais
e históricas que estão na realidade na qual a escola e os seus sujeitos estão inse-
ridos. Os problemas da realidade da escola, do cotidiano de alunos e professores,
estão muito além da aparência que se apresenta no dia a dia, muito além da proble-
mática dicotômica da teoria e da prática, pois o que está aparente ofusca as contra-
dições presentes nas práticas sociais, naturaliza as diferenças, produz e reproduz
hegemonias, projetos e modelos de sociedade.
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Nessa direção, defende-se que o lugar do estágio curricular supervisionado
das licenciaturas no contexto da pandemia por Covid-19 consiste na problemati-
zação das condições econômicas e sociais e da morbimortalidade dessa doença, as
quais acentuam as desigualdades sociais e educacionais brasileiras e implicam di-
retamente no trabalho e nas condições de trabalho dos professores. Por isso, faz-se
necessário, neste contexto de pandemia, que o desenvolvimento das atividades no
estágio possibilite, além do conhecimento, a análise e a reflexão do trabalho docen-
te e a sua compreensão na historicidade, nos problemas reais que estão colocados
no momento pandêmico presente e que implicam no aumento e na radicalização
das desigualdades sociais e educacionais dos milhões de brasileiros que estão nas
escolas pública, bem como na morbimortalidade.
Dessa forma, considera-se necessário, na atual conjuntura pandêmica, ir além
da concepção restrita de prática como o apenas fazer prático, mas compreender
que pode ser nessa experiência vivida do estágio, de forma remota, tensionando e
problematizando a realidade do momento presente, um espaço de aprendizado e
problematização das situações limite que levam à desumanização e à potenciali-
zação do sofrimento por parte das camadas mais empobrecidas do Brasil e tornam
mais visíveis e aumentam ainda mais as desigualdades sociais e educacionais que
já existiam.
As recomendações apresentadas pelo Parecer n. 5/2020 do Conselho Pleno/
Conselho Nacional de Educação (BRASIL, 2020c), para a reorganização do calen-
dário escolar e a possibilidade de cômputo de atividades não presenciais para fins
de cumprimento da carga horária mínima anual, em razão da pandemia da Co-
vid-19, acenam para o desenvolvimento das atividades de estágio curricular super-
visionado de forma remota, quando apontam:
No caso dos cursos de licenciatura ou formação de professores, as práticas didáticas vão ao
encontro de um amplo processo de oferta de aprendizado não presencial à educação básica,
principalmente aos anos finais do ensino fundamental e médio. Produz, assim, sentido
que estágios vinculados às práticas na escola, em sala de aula, possam ser realizados de
forma igualmente virtual ou não presencial, seja a distância, seja por aulas gravadas etc.
(BRASIL, 2020c, p. 17).
E complementam:
Dessa forma, permite-se aos acadêmicos o aprofundamento acerca das teorias discutidas
em sala e complementam a aprendizagem com a aplicação prática, inclusive de forma não
presencial, dada sua experiência com o uso de meios e tecnologias digitais de informação
e comunicação, sobretudo, nos cursos da modalidade EaD, mas não exclusivamente a eles
(BRASIL, 2020c, p. 17).
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No entanto, o referido parecer também sinaliza a seguinte proposição:
A substituição da realização das atividades práticas dos estágios de forma presencial para
não presencial, com o uso de meios e tecnologias digitais de informação e comunicação,
podem estar associadas, inclusive, às atividades de extensão das instituições e dos cursos
de licenciatura e formação de professores (BRASIL, 2020c, p. 17).
A partir dos direcionamentos do referido parecer (BRASIL, 2020c), constata-se
a importância dessa realidade vivida para as atividades de estágio e o processo
formativo dos licenciandos, pois, se considerarmos o estágio como o espaço/tempo
de exercício e aproximação profissional da docência, este momento de pandemia,
com toda a sua complexidade, está sendo vivido pelos docentes em seus contextos
e condições de trabalho. Todavia, o mesmo parecer abre a possibilidade para que
as atividades de extensão dos cursos de licenciatura também possam valer como
carga horária de estágio, o que desconfigura a natureza do estágio como o espaço/
tempo para o exercício profissional do professor, da docência.
Atrelado a isso, outro problema é a utilização do termo “prática” no contexto
de um praticismo pedagógico, pois outros documentos oficiais atuais para a forma-
ção docente, como o parecer que fundamenta as Diretrizes Curriculares Nacionais
para a Formação Inicial de Professores para a Educação Básica e a Base Nacional
Comum para a Formação Inicial de Professores da Educação Básica (BNC-For-
mação) (BRASIL, 2019), continuam reverberando concepções relacionadas a esse
praticismo, as quais eram mais presentes na década de 1990, nos estudos educacio-
nais brasileiros, e receberam nova roupagem com a associação entre prática, com-
petências e habilidades no início dos anos 2000, tendo forte influência das políticas
neoliberais em nível internacional, e em 2019 retornam com essas concepções de
prática. É possível observar isso nos fragmentos a seguir:
[...] à necessidade de dar à formação inicial de professores novos marcos para o desenvolvi-
mento de habilidades e competências profissionais e que devem, por sua vez, dialogar com
aquelas postas na BNCC. [...].
A formação de professores exige um conjunto de saberes, conhecimentos, competências e
habilidades que são inerentemente alicerçadas na prática. A prática na formação docente
deve ir muito além do momento de estágio obrigatório ou outras formas de prática pedagó-
gica. Ela deve estar presente ao longo de toda sua formação; [...] (BRASIL, 2019, p. 18-19).
Observa-se que os encaminhamentos político-educacionais colocados associam
o termo de prática em seu sentido esvaziado de teoria e não como síntese teóri-
co-prática, associado a outros momentos que podem ser chamados de prática e
não na compreensão do estágio como exercício profissional, reduzindo a prática ao
alinhamento de conteúdos, habilidades e competências da Base Nacional Comum
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Curricular (BNCC) (BRASIL, 2018) da educação básica. Assim, defende-se que o
estágio curricular supervisionado na formação dos professores não pode estar re-
duzido às premissas pragmáticas sinalizadas pelas atuais políticas educacionais
e, no contexto de pandemia, precisa estar articulado com a realidade vivida pelos
professores nas escolas, virtualmente e/ou remotamente, frente aos desafios que
estão colocados com o aprofundamento das desigualdades sociais e educacionais e
as condições de morbimortalidade da Covid-19.
A pandemia expôs a nervura do real, que permite um olhar mais atento às
práticas sociais cotidianas e o reconhecimento das fragilidades e das potencialida-
des do processo formativo. Nesse cenário, as escolhas devem ir ao encontro do me-
nor impacto, o que permite uma revisão crítica do que se pode fazer e como se pode
fazer. Nesse cenário, não há como deixar os estagiários sem qualquer orientação,
estímulo aos estudos e um olhar humanizado do processo, pois o estágio é formação
humana, e professores e estagiários podem ter perdido pessoas para a Covid-19,
podem ter perdido o trabalho que dá as condições de produção, manutenção e re-
produção da subsistência e existência, então, faz-se necessário um olhar humano e
cuidadoso de todo esse processo.
Considerações nais
Este artigo apresentou uma reflexão sobre o lugar do estágio curricular super-
visionado das licenciaturas no contexto de suspensão das atividades acadêmicas e
escolares presenciais em virtude da Covid-19. Apresentou as condições econômicas
e sociais e a morbimortalidade da pandemia por Covid-19, articuladas ao contexto
do ensino remoto nas escolas públicas paranaenses e como se conectam com o tra-
balho dos professores e com o estágio curricular supervisionado das licenciaturas.
Evidencia-se que as condições econômicas e sociais e a morbimortalidade da
pandemia, os problemas ético-político-educacionais, os desafios da gestão escolar
e do trabalho docente, virtual/remota ou presencialmente, também são demandas
do estágio na formação dos professores em todas as licenciaturas, em tempos com
pandemia. Defende-se que o lugar do estágio curricular supervisionado das licen-
ciaturas no contexto da pandemia por Covid-19 consiste na problematização das
condições econômicas e sociais e da morbimortalidade dessa doença, as quais acen-
tuam as desigualdades sociais e educacionais brasileiras e implicam diretamente
no trabalho e nas condições de trabalho dos professores.
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As reflexões apresentadas neste artigo não esgotam as possibilidades de dis-
cussão sobre o tema, mas apontam um caminho para a formação de professores,
para os questionamentos que se colocam entre a educação e a saúde no contexto de
aprofundamento das desigualdades que colocam em xeque a vida de milhares de
brasileiros.
Notas
1 Disponível em: https://www.educacao.pr.gov.br/Noticia/Baseado-em-cinco-pilares-EaD-Aula-Parana-se-
-consolida-e-alcanca-1-milhao-de-alunos-no. Acesso em: 13 out. 2021.
2 Fonte disponível em: https://www.educacao.pr.gov.br/Noticia/Seed-traz-bons-resultados-dos-primeiros-
-45-dias-de-Aula-Parana . Acesso em: 13 out. 2021.
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