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ESPAÇO PEDAGÓGICO
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Edinaldo Medeiros Carmo, Rosa Belém Farias, Marco Antonio Leandro Barzano
v. 27, n. 3, Passo Fundo, p. 792-808, set./dez. 2020 | Disponível em www.upf.br/seer/index.php/rep
Desse modo, falar de educação é, sem dúvida, conectar-se aos múltiplos diá-
logos, é pensar em diversidade, mas, para tanto, é preciso eleger alguns aspectos
importantes de discussão e um deles é o currículo. Ainda, pensar a diversidade é
também envolver a prática pedagógica nesse conjunto de ações que a apresenta
como o diferencial, pois, no processo da escolarização, a prática pedagógica confi-
gura-se como uma ação potente que possibilita a abordagem da diversidade e da
diferença. Em função dos novos enfoques educacionais, estudos têm mostrado que
a construção do conhecimento perpassa por diversas engrenagens, contudo, mesmo
não sendo o único, o currículo é um dos elementos mais investigados.
Partindo desse pressuposto, Goodson (2013) afirma que o currículo não pode
ser o único instrumento de pesquisa no processo de escolarização, pois, a prática
pedagógica também se constitui objeto muito importante nesse cenário produtivo.
Portanto, essa prática, no contexto educacional, torna-se o aspecto essencial no
processo de ensino, porque, é através dela que o conteúdo ganha forma. Nas colabo-
rações de Schwille (1982, apud SACRISTÁN, 2000, p. 175), o docente tem partici-
pação importante nesse processo, pois, o professor, “[...] em última instância, decide
os aspectos a serem desenvolvidos na classe, especificando quanto tempo dedicará
a uma determinada matéria, que tópicos vai ensinar, a quem os ensina, quando e
quanto tempo conceder-lhes-á e com que qualidade serão aprendidos”.
Assim, a prática pedagógica e o professor como mediador dela, são essenciais
no processo da escolarização. Afinal, é o professor que, nas observações diárias, co-
nhece e reconhece as potencialidades e fragilidades dos alunos. Portanto, conhece
as vivências e as experiências deles. Nesse aspecto, o professor tem grande respon-
sabilidade, pois, conforme destaca Santos (2000, p. 57), “[...] as experiências dos
alunos, seus conhecimentos e sua inserção cultural, são aspectos a serem conside-
rados nas práticas pedagógicas”.
Embora o conceito de currículo seja multifacetado, há um consenso quanto
ao seu valor e importância no cenário educacional. Para Moreira e Candau (2007,
p. 19),
Currículo é, em outras palavras, o coração da escola, o espaço central em que todos atua-
mos, o que nos torna, nos diferentes níveis do processo educacional, responsáveis por sua
elaboração. O papel do educador no processo curricular é, assim, fundamental. Ele é um
dos grandes artífices, queira ou não, da construção dos currículos construídos que sistema-
tizam nas escolas e nas salas de aula.
Assim, de acordo com Moreira e Silva (2013), o currículo é lugar que, ativamen-
te, mediante tensões, produz e reproduz culturas. Currículo refere-se, nessa pers-