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*
Mestre em Educação pela UPF; doutora em Educação pela UFRGS. Professora Associada da Universidade do Estado
de Santa Catarina (Udesc); docente do Mestrado Prossional em Educação Inclusiva em Rede – Profei/Udesc. Orcid:
https://orcid.org/0000-0002-3842-5296. E-mail: karina.marcon@udesc.br
**
Mestrado em Ciência da Computação (UFSC). Doutorado e pós-doutorado em Informática na Educação (PGIE/
UFRGS). Professora Adjunta I da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Docente do Instituto de Educação, da
área de Tecnologias Educacionais. Orcid: http://orcid.org/0000-0003-3685-0579. E-mail: cristiane.koehler@ufmt.br
Recebido em: 30/07/2020 – Aprovado em: 16/12/2020
http://dx.doi.org/10.5335/rep.v28i1.12973
Interação em mídias sociais e socialização: algumas interfaces
Interaction in social media and socialization: some interfaces
Interacción en medios sociales digitales y socialización: algunas conexiones
Karina Marcon
*
Cristiane Koehler
**
Resumo
Este artigo apresenta uma discussão sobre as tecnologias digitais de rede e as mídias sociais como dispositivos
para um convívio sociointelectual entre os sujeitos em interação. Discutem-se os paradigmas comunicacionais
de massa e de rede no contexto das mídias sociais, suas potencialidades para os processos comunicacionais, a
abertura dos polos de emissão de mensagens e a possibilidade de o sujeito participar de forma mais efetiva nos
processos comunicativos. Analisa-se a coexistência desses dois paradigmas comunicacionais em um contexto
de convergência midiática, no qual as relações sociais acontecem com diferentes formatos de mídias, potencia-
lizando a interação social entre os sujeitos acerca dos conteúdos midiáticos decorrentes dessas inter-relações.
Apresenta-se, ainda, o conceito de interação social em rede e sua atuação na natureza das relações entre os su-
jeitos envolvidos no sistema comunicacional, buscando exprimir como o processo comunicacional se constitui
em um contexto de rede. A interação social em rede somente acontece em tecnologias digitais que disponibili-
zam recursos tecnológicos nos quais os sujeitos possam estabelecer conexões sociais.
Palavras-chave: mídias sociais; redes sociais; interação social; interação em rede.
Abstract
This article presents a discussion on digital network technologies and social media as devices for a social-in-
tellectual conviviality between subjects in interaction. Mass and network communication paradigms are dis-
cussed in the context of social media, their potential for communicational processes, the opening of message
emission poles and the possibility for the subject to participate more eectively in communicative processes.
The coexistence of these two communicational paradigms is analyzed in a context of media convergence, in
which social relations happen with dierent media formats, enhancing the social interaction between subjects
about the media content resulting from these interrelations. It also presents the concept of social interaction in
a network and its role in the nature of the relationships between the subjects involved in the communicational
system, seeking to express how the communicational process is constituted in a network context. Social network
interaction only occurs in digital technologies that provide technological resources in which the subjects can
establish social connections.
Keywords: social media; social networks; social interaction; network interaction.
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Resumen
Este texto se presenta una discusión sobre las tecnologías digitales de red y los medios sociales como disposi-
tivos de convivencia socio-intelectual entre los sujetos en interacción. Se argumenta acerca de los paradigmas
comunicacionales de masa y de red en el contexto de los medios sociales, sus potencialidades para los procesos
comunicacionales, la apertura de los polos de emisión de mensajes y la posibilidad del sujeto participar de forma
constante en los procesos comunicativos. Se analiza la coexistencia de estos dos paradigmas comunicacionales
en un contexto de convergencia mediática, en el que las relaciones sociales ocurren con diferentes formatos de
medios, potenciando la interacción social entre los sujetos sobre los contenidos mediáticos de estas interrelacio-
nes. Se presenta, aún, el concepto de interacción social en red y su actuación en la naturaleza de las relaciones
entre sujetos concernidos en el sistema comunicacional, buscando argumentar como el proceso comunicacio-
nal se constituye en un contexto de red. La interacción social en red sólo ocurre en tecnologías digitales que
cuentan con recursos tecnológicos en los cuales los sujetos puedan establecer conexiones sociales.
Palabras-clave: medios sociales digitales; redes sociales; interacción social; interacción en red.
Introdução
O avanço tecnológico impulsionou uma transformação midiática, ocasionando
novas formas de pensar e fazer comunicação. Em virtude da convergência entre
as telecomunicações e os computadores houve uma ressignificação dos processos
comunicativos, que deixam de ser unidirecionais e analógicos, reconfigurados por
ações e sistemas que anulam a distância e o tempo, redimensionando a capacidade
comunicacional e tornando o homem capaz de participar de processos comunicati-
vos até então impensáveis (MARCON, 2008).
A partir do reconhecimento desse contexto social, Jenkins (2009, p. 29) nos
coloca a pensar sobre a cultura da convergência, “[...] onde as velhas e as novas mí-
dias colidem, onde mídia corporativa e mídia alternativa se cruzam, onde o poder
do produtor de mídia e o poder do consumidor interagem de maneiras imprevisí-
veis”. Diferente do que acontecia com os meios de comunicação de massa, chama-
dos por Jenkins (2009) de velhas mídias, percebemos que existe uma descentrali-
zação do poder midiático, antes concentrado nos produtores. Agora, produtores e
consumidores articulam-se entre si, e não se faz mais mídia sem que o papel ativo
do consumidor seja considerado.
O argumento de Jenkins (2009) é que a convergência não pode ser compreen-
dida somente como um processo tecnológico que unifica múltiplas funções dentro
dos mesmos aparelhos. “Em vez disso, a convergência representa uma transfor-
mação cultural, à medida que consumidores são incentivados a procurar novas
informações e fazer conexões em meio a conteúdos de mídia dispersos” (JENKINS,
2009, p. 29-30). Em outras palavras, diz respeito principalmente à relação dos se-
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res humanos com os diferentes formatos de mídias e às interações entre os sujeitos
acerca dos conteúdos midiáticos decorrentes dessas inter-relações.
Jenkins (2009) entende que a convergência não advém por meio de apare-
lhos, por mais sofisticados que sejam. A convergência acontece dentro do cérebro
do consumidor individual e em suas interações sociais com outros. Considerando a
expressão inteligência coletiva cunhada por Pierre Lévy, o autor propõe que o con-
sumo se tornou um processo coletivo: “nenhum de nós pode saber tudo; cada um de
nós sabe alguma coisa; e podemos juntar as peças, se associarmos nossos recursos e
unirmos nossas habilidades. A inteligência coletiva pode ser vista como uma fonte
alternativa de poder midiático” (JENKINS, 2009, p. 30).
Na concepção de Jenkins (2009), o pensamento convergente implica direta-
mente no remodelamento da própria cultura. Lemos (2003) já argumentava que o
avanço tecnológico provocou um atravessamento das tecnologias na cultura con-
temporânea, caracterizando e impulsionando o desenvolvimento da cibercultura,
ou seja, a cultura contemporânea marcada pela presença das tecnologias digitais
de rede.
Essa nova dinâmica instituída pelas mídias digitais é totalmente diversa dos
meios de comunicação analógicos. Kirkwood (2006) atenta que os sujeitos dispen-
sam muito tempo criando conteúdos para sites e comunidades das quais fazem
parte, mantém blogs, fazem filmes, disponibilizam links, escrevem resenhas, com-
partilham informações, formam comunidades. Ainda, a autora ressalta que eles
fazem isso por vontade própria, unicamente através da sua motivação, para ates-
tar, confirmar, estabelecer uma presença online e para desenvolver redes sociais
e pertencer e participar de comunidades significativas. Podemos considerar isso
como um movimento intensificado principalmente a partir da virtualização do co-
nhecimento e da convergência midiática.
É a partir deste contexto que propomos neste trabalho a discussão sobre o
potencial das mídias sociais para a socialização dos sujeitos, considerando que es-
ses espaços de circulação social materializam a diversificação e alternância entre
os papéis de emissão e recepção nos processos comunicativos. Para isso, em um
primeiro momento estabelecemos diferenças entre dois paradigmas comunicacio-
nais que coexistem, o paradigma das mídias de massa e o paradigma das redes.
Na sequência, buscamos contextualizar as diferenças entre mídias sociais e redes
sociais, para então trazer à discussão a interação social nos sites de redes sociais,
bem como as relações que se estabelecem entre as mídias sociais e a socialização
nesse contexto sociotécnico digital.
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Paradigma comunicacional das mídias de massa e paradigma comunicacional
das redes
Por muito tempo, em relação à mídia, o ser humano esteve imerso em uma
cultura de passividade e reprodução, uma vez que os processos tecnológicos e mi-
diáticos existentes impossibilitavam uma participação mais efetiva do sujeito nos
processos comunicativos. Por possuir um modelo comunicacional unidirecional, de
um para todos, os processos de comunicação de massa são previamente estabele-
cidos dentro de uma estrutura comunicacional emissor-meio-mensagem-receptor,
paradigma de transmissão de mensagens que busca atingir o maior número possí-
vel de pessoas.
Os meios de comunicação de massa (MCM) suportam processos de comunica-
ção nos quais não há trocas nem interação entre os usuários e emissores das men-
sagens, e, uma vez que possuem grande alcance na audiência, procuram perpetuar
a condição de consumidores aos sujeitos, seja de bens privados ou de concepções
(CANCLINI, 2001). A comunicação midiática incita, entre produtos e serviços, esti-
los de vida, culturas e ideais. É nesse sentido que Canclini (1998, p.05) afirma que
“[...] o rádio e a televisão se tornaram veículos de massa, desde meados do século, e
homogeneizaram o desenvolvimento cultural, imprimiram seu estilo comunicativo
a muitas interações sociais e se converteram no cenário decisivo para a constitui-
ção da vida pública”.
Para Stuart Hall (2003), a mensagem pode ter várias leituras e entendimen-
tos porque, muito além da mensagem e seu real significado, existe um complexo
eixo de percepções emocionais, ideológicas ou comportamentais, que se encontram
entre a mensagem e seu receptor. Por mais que se saiba que a recepção de mensa-
gens não é, em sua totalidade, passiva – uma vez que cada ser humano é singular
e as interpreta de forma diferenciada (HALL, 2003) – é importante salientar que
diante dos meios de comunicação de massa o indivíduo não possui interatividade,
ou possui interatividade limitada. Nas mídias de massa, o feedback – canal de
retorno – é restrito e não estimula a participação.
Apesar dos ruídos que podem existir entre o receptor e a mensagem destinada
a ele, a mensagem pode modificar comportamentos e influenciar as pessoas. A todo
instante os sujeitos são bombardeados por publicidade e propaganda nos meios de
comunicação de massa e na internet, ofertando status, sensação de pertencimento,
ideais, realização de sonhos e, desta forma, ampliando as portas para o consumo.
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Neste mesmo contexto, se por um lado os meios de comunicação de massa
instituem um contexto de verticalidade e massificação, por outro as tecnologias de
rede possuem potencial para uma ressignificação dessa lógica e dessa postura. Tal
mudança é possível a partir do momento em que essas informações deixam de ser
centralizadas, passando a ser de domínio de participação pública.
A internet, segundo Castells (2005), tem uma lógica reticular, e deve ser con-
siderada uma revolução e não uma evolução dos suportes comunicacionais. Neste
sentido, há a possibilidade do rompimento de um paradigma, que antes era ver-
tical, passando para uma lógica reticular, em que se potencializam a autoria, a
colaboração, a reflexão conjunta e crítica sobre as mensagens e a construção de
caminhos de sistematização e contraposição das informações.
Surge, portanto, a necessidade de inclusão do cidadão nessa dinâmica das tec-
nologias de rede, mas numa perspectiva de rompimento com a lógica globalizada
e mercantilista dos meios de comunicação de massa. Com as tecnologias de rede o
cidadão tem o potencial de participar, compartilhar, interagir, pois, dessa lógica de
redes, emerge um processo diferenciado daquele apresentado até o momento, que
potencializa espaços comunicativos até então inexistentes.
Ampliam-se as fontes de informação e rompe-se gradativamente com o poder
antes exercido somente pelos meios de comunicação de massa. Castells (1999, p.
298-299) expõe que “[...] a explosão das telecomunicações e o desenvolvimento dos
sistemas de transmissão a cabo viabilizaram o surgimento de um poder de trans-
missão e difusão de informações sem precedentes [...]”.
Essas são características de uma sociedade que possui sua vivência ajustada
pelas tecnologias digitais e que foi denominada por Castells como “sociedade em
rede”. O autor considera que a sociedade em rede é aquela “cuja estrutura social foi
construída em torno de redes de informação a partir da tecnologia de informação
microeletrônica estruturada na internet” (CASTELLS, 2005, p. 87). Nessa socie-
dade em rede, redimensionam-se todos os aspectos políticos, econômicos, sociais e
culturais, uma vez que os mesmos são ressignificados pelas tecnologias digitais. A
coletividade participa de um processo no qual as tecnologias são integrantes do seu
desenvolvimento, pois caracterizam uma situação de “conectividade generalizada”
(LEMOS, 2003) que atinge todos os setores, criando uma cultura de rede apresen-
tada em diferentes manifestações.
Na linha de raciocínio traçada até aqui, surge, então, uma relação da socieda-
de com as tecnologias de rede, a chamada cibercultura, caracterizada como “a cul-
tura contemporânea marcada pelas tecnologias digitais” (LEMOS, 2003). Poten-
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cialmente, permite o rompimento da verticalidade imposta durante muito tempo
pelas mídias de comunicação de massa, possibilitando ao indivíduo a interação com
processos comunicacionais que superam os meios convencionais de comunicação,
pois potencializam a abertura dos polos de emissão de mensagem.
Aquele que, antes, era espectador, passa a interagir com os meios. As mesmas
tecnologias que potencializam a dinâmica da globalização suportam essa nova con-
figuração social denominada cibercultura. A cibercultura nasce com as tecnologias
de rede, sendo fruto de um trabalho cooperativo em âmbito planetário. Nela há um
livre e fácil acesso à informação, um processo que está em constante renovação.
Diante disso, aponta-se para a relação das tecnologias digitais de rede com os di-
versos saberes, ou, como Lévy (2003, p. 28) menciona, com a inteligência coletiva,
entendida como “uma inteligência distribuída por toda parte, incessantemente va-
lorizada, coordenada em tempo real, que resulta em uma mobilização efetiva das
competências”. O autor complementa que esta é uma inteligência distribuída em
toda a parte porque ninguém sabe de tudo, todos sabem de alguma coisa e todo o
saber está na humanidade. Na coordenação das inteligências em tempo real, os
acontecimentos, as decisões, as ações e as pessoas estariam situados nos mapas
dinâmicos de um contexto comum, e transformariam, continuamente, o universo
virtual em que adquirem sentido (LÉVY, 2003, p. 29).
Na dimensão da cibercultura, como aponta Lévy (2003, p. 30), “deixar de reco-
nhecer o outro em sua inteligência é recusar-lhe sua verdadeira identidade social
[...]”. Frente a isso, é necessário salientar que essas potencialidades reticulares
portadas pelas tecnologias de rede – nas quais há diferentes formas de troca de
informações, de dados, de arquivos – possibilitam descentralizar o poder comunica-
cional que antes existia com os meios de massa e apontam caminhos para que essas
inteligências individuais compartilhadas, constituam, efetivamente, a inteligência
coletiva, pois não há detentores do conhecimento uma vez que ele se torna univer-
sal. Lemos (2004, p. 13) evidencia essa característica ao afirmar que:
A cibercultura, esse conjunto de processos tecnológicos, midiáticos e sociais emergentes
a partir da década de 70 do século passado com a convergência das telecomunicações, da
informática e da sociabilidade contracultural da época (Breton, 1990; Castells, 1996), tem
enriquecido a diversidade cultural mundial e proporcionado a emergência de culturas lo-
cais em meio ao global supostamente homogeneizante. Uma das principais características
dessa cibercultura planetária é o compartilhamento de arquivos, música, fotos, filmes, etc.,
construindo processos coletivos.
Nesse âmbito, a cibercultura propõe uma emergência das culturas locais em
âmbito global. São esferas menores da sociedade que, agora, podem compartilhar
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informações e fazerem-se ver no tempo e no espaço mundial. O potencial da ciber-
cultura possui uma reversão da lógica global centralizadora, pois os limites geográ-
ficos deixam de ser limitantes e condicionantes.
Essa desterritorialização proporcionada pela cibercultura possibilita dife-
rentes trocas sociais, que são caracterizadas por diversos formatos de ambientes:
fóruns, sites, blogs, sites de relacionamento, jogos eletrônicos, mídias sociais, siste-
mas de comunicação instantânea, entre outros. Independentemente de etnia, na-
cionalidade, cultura, sexo, idade, classe econômica ou qualquer outra característica
que possa vir a tornar o ser humano excludente ou excluído, a cibercultura torna
global o que antes era somente local. Os processos de territorializações, de acordo
com Lemos (2007, p. 03), demonstram que:
A compressão do espaço-tempo institui o “tempo real” e a possibilidade de acesso a infor-
mações em todos os espaços do globo. O desencaixe nos permite vivenciar processos globais
não enraizados na nossa tradição cultural. As mídias eletrônicas criam assim processos
desterritorializantes em níveis político, econômico, social, cultural e subjetivo.
Essas mídias que desterritorializam possibilitam também a criação de novos
territórios, em um processo de reterritorialização. Se “toda territorialização é uma
significação do território (político, econômico, simbólico, subjetivo) e toda desterri-
torialização, re-significação, formas de combate à inscrição da vida em um ‘terroir’,
linhas de fuga” (LEMOS, 2007, p. 04), a reterritorialização é a possibilidade que
o sujeito tem, no ciberespaço, de encontrar algo que o remeta ao seu próprio ter-
ritório – através de blog, e-mail, sistema de posicionamento global (GPS) – enfim,
qualquer situação na qual tenha referências e localização próprias.
O ciberespaço tem sua essência em uma lógica participativa e colaborativa
de comunicação, que se dá através do contato, de trocas e de socialização. São mi-
lhares de pessoas que se constituem em nós da rede de comunicação, que têm a
possibilidade de disponibilizar e produzir informações. Como revela Lévy (1999, p.
111), “[...] essa universalidade desprovida de significado central, esse sistema da
desordem, essa transparência labiríntica, chamo-a de ‘universal sem totalidade’.
Constitui a essência paradoxal da cibercultura”.
Esse novo espaço não está vinculado ao tempo e ao local, pois é instituído a
partir da anulação das distâncias, que institui o tempo real. Para fazer parte do
ciberespaço basta estar conectado à rede, uma vez que independe dos limites geo-
gráficos e temporais, desvinculando a necessidade da presença física para o estabe-
lecimento de processos comunicacionais. Esse ambiente criado com a cibercultura
potencializa a dinâmica cultural, como aponta Lemos (2004, p. 11):
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[...] a cibercultura potencializa aquilo que é próprio de toda dinâmica cultural, a saber o
compartilhamento, a distribuição, a cooperação, a apropriação dos bens simbólicos. Não
existe propriedade privada no campo da cultura já que esta se constitui por intercruzamen-
tos e mútuas influências.
Com a liberação dos polos de emissão, uma das leis da cibercultura, segundo
Lemos, o ser humano e as práticas comunicacionais potencializam-se a produzir
nessas trocas sociais. Tais mudanças imbricam-se nas concepções vigentes sobre
as estruturas e o funcionamento da subjetividade humana, sendo “[...] usuários
interagentes de redes abertas e sem centro, nas quais ‘os sujeitos se tornam cada
vez mais instáveis, múltiplos e difusos’” (RÜDIGER, 2002, p. 100). É uma ação
que pode ser considerada democrática frente ao decurso da globalização, que até
então se presencia, tratando-se, talvez, de uma das facetas mais interessantes do
processo. Como aborda Lemos (2004, p. 13):
A riqueza de qualquer sociedade sempre está ligada à complexidade de sua cultura, isto é,
à força do seu poder criativo e empreendedor. A comunicação, neste sentido, é a forma pela
qual uma sociedade põe em marcha e intercambia o conjunto de seus empreendimentos,
sejam eles artísticos, sociais, políticos, científicos ou técnicos. Uma cultura complexa é uma
cultura plural, aberta, circulando livremente pelo corpo social. A criatividade está na ori-
ginalidade da circulação de diversas formas culturais, incluindo aí sua riqueza artística e
intelectual, seu habitus social, sua criatividade simbólica, imaginária, científica e técnica.
Essas capacidades comunicativas que se expandem na cibercultura são resul-
tados de processos que englobam múltiplas influências, daí o destaque reservado
ao potencial da cibercultura em processos comunicativos, pois, efetivamente, há
um amplo enriquecimento cultural e uma intensa troca de conhecimentos. Lemos
(2007, p. 14-15) expõe claramente a ideia comunicacional da internet:
[...] menos do que uma nova mídia como os mass media (jornais, rádio, tv...), devemos pensar
o ciberespaço como um ambiente midiático, como uma incubadora midiática onde formas
comunicativas surgem a cada dia (chat, icq, fóruns, e-mail, blogs, web, etc.). A partir deste
ponto de vista, podemos afirmar que o ciberespaço é, ao mesmo tempo, forma e conteúdo
cultural, modulador de novas identidades e formas culturais.
Esse novo espaço de comunicação e interação surgido com a internet – e aqui
denominado ciberespaço – ao lado dessas diferentes formas comunicacionais, po-
tencializa o surgimento de processos interativos de tempo real, na qual a troca e a
fusão de informações demonstram a diversidade e o potencial comunicacional que
a rede possui. Esse processo de troca também é analisado por Lemos. Para o autor,
como meio,
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[...] a internet problematiza a forma midiática massiva de divulgação cultural. Ela é o
foco de irradiação de informação, conhecimento e troca de mensagens entre pessoas ao
redor do mundo, abrindo o pólo da emissão. Com a cibercultura trata-se efetivamente da
emergência de uma liberação do pólo da emissão (a emissão no ciberespaço não é controlada
centralmente; todos podem emitir), e é essa liberação que, em nossa hipótese, vai marcar a
cultura de rede contemporânea em suas mais diversas manifestações [...] (LEMOS, 2004,
p. 15, grifo do autor).
Na internet não existe um controle sobre as informações, não há uma centra-
lização, e tal situação é clara nesses espaços de interatividade. Todos são recepto-
res e emissores, não havendo limites pré-estabelecidos para isso, o que demarca a
cultura contemporânea, a cultura de rede, na qual o formato tradicional de comu-
nicação – emissor-meio-mensagem-receptor – desestabiliza-se. As mídias sociais
materializam, nesse contexto, essa diversificação e alternância entre os papéis de
emissão e recepção nos processos comunicativos, discussão que aprofundaremos a
seguir.
Mídias sociais e redes sociais
Desde que o surgimento da Web 2.0, temos acesso a uma infinidade de possi-
bilidades comunicativas que até então não tínhamos conhecimento. Lemos (2010)
já dizia que a Web 2.0 proporciona que os sujeitos deixem de ser apenas passivos
diante de uma notícia, e passem a ser ativos, comentando, compartilhando, inte-
ragindo e publicando as suas ideias. Essa possibilidade de comunicação advinda
dos recursos da Web 2.0 altera, significativamente, as interações sociais entre as
pessoas simplesmente pelo fato de que deixamos apenas de consumir informações,
passamos a produzi-las e a compartilhá-las.
Segundo Recuero (2009), os sites de redes sociais, também chamados de “redes
sociais na internet”, “websites de redes sociais”, ou mais comumente, chamados de
“mídias sociais”, são sites disponíveis na Web 2.0 que possibilitam a criação de um
perfil, com login e senha pessoal, em que os usuários podem encontrar pessoas e
adicioná-las como uma conexão a sua rede social. Estes sites permitem a visualiza-
ção do que as pessoas compartilham e a relação que as pessoas têm entre si, isto é,
“quem é amigo de quem”. Os usuários destes sites de redes sociais compartilham
mensagens e todas as pessoas com as quais este usuário tem uma relação social no
site poderão visualizar os seus compartilhamentos.
Recuero (2009, p. 102) explica que “os sites de redes sociais são os espaços
utilizados para a expressão das redes sociais na internet”, porque é a partir destes
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sites que conseguimos visualizar a representação gráfica da nossa própria rede
social. Boyd e Ellison (2007) afirmam que os sites de redes sociais são serviços ba-
seados na Web que permitem aos indivíduos construir um perfil ou página pessoal
que podem ser públicos ou privados. No entanto, os sites de redes sociais, também
permitem articular uma lista de outros usuários com quem partilham uma mesma
conexão e visualizar a rede social de outros usuários e a sua própria rede social.
Isto é, a partir do momento em que criamos um perfil em um site de rede social,
disponibilizamos a nossa própria rede social a qualquer outro usuário do site, bem
como, podemos visualizar a rede social dos usuários com os quais mantemos algu-
ma relação social. Qualquer usuário do site pode visualizar o nosso perfil, quem
são os nossos amigos, os amigos que temos em comum e os amigos dos nossos ami-
gos. Alguns sites oferecem opções de configurações de privacidade em que podemos
limitar esta visualização, no entanto, o padrão é que estas informações estejam
disponíveis para todos os usuários do site.
Os sites de redes sociais permitem que os usuários articulem as suas redes
sociais e as tornem visíveis a todos os usuários. Isso pode resultar em conexões en-
tre indivíduos que de outra forma não seriam feitas. Muitas vezes, os usuários de
um site de rede social não têm necessariamente o objetivo de fazer novas conexões,
mas de manter a comunicação com pessoas que já fazem parte da sua rede social.
O perfil de um usuário em um site de rede social é uma página exclusiva daquele
usuário, na qual, depois de criar o seu perfil, o usuário é convidado a informar
alguns dados pessoais, como nome, idade, localização e interesses, e uma descrição
pessoal. A maioria dos sites, também, incentiva os usuários a enviar uma foto de
perfil. Por padrão, os perfis de um usuário são rastreados pelos motores de busca,
do Google, por exemplo, tornando-os visíveis para qualquer pessoa, independente-
mente de quem pesquisa ter, ou não, um perfil no site, o perfil do usuário pesquisa-
do aparece nas buscas do Google.
O site Linkedin disponibiliza informações adicionais aos usuários que pagam
um valor mensal para ter acesso a informações que não são visíveis aos usuários
não pagantes. O site Facebook, por exemplo, permite a visualização de todas as
informações dos usuários com os quais temos uma relação de “amizade”. No entan-
to, é possível configurar algumas opções de privacidade, em que escolhemos quais
informações pessoais podem ser públicas, ou não.
Depois de aderir a um site de rede social, os usuários são solicitados a identifi-
car parentes, amigos e conhecidos que também têm perfil no site e são incentivados
a convidá-los a criar uma relação social no site. Esta relação social é identificada de
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diversas formas nos sites, como por exemplo, “amigos”, “contatos”, “fãs”, “seguido-
res”. A maioria dos sites exige a confirmação do outro usuário referente ao convite
para estabelecer a relação social. Neste caso, a relação social é bidirecional, isto
quer dizer que se um usuário aceitou o convite de outro usuário, os dois usuários
passam a manter uma relação social entre si, tanto de um quanto do outro. Em ou-
tros sites a confirmação não é solicitada e esta relação, mesmo que estabelecida, é
uma relação social unidirecional, isto é, apenas um usuário tem relação social com
o outro. A exibição pública das relações sociais entre os usuários e os recursos que
permitem o envio de mensagens privadas, são características importantes deste
tipo de site (BOYD; ELLISON, 2007).
Sabemos que há uma variedade de sites de redes sociais, com diferentes recur-
sos tecnológicos que atendem a objetivos diferentes, como por exemplo, o YouTube,
Facebook, Twitter, Linkedin, Instagram, Pinterest, Tumblr, Snapchat, Periscope,
entre outros. Estes sites possuem finalidades comuns, mas há sites com finalidades
diferentes, como por exemplo, o Linkedin trata de ser uma rede exclusiva para
manter contatos profissionais por meio da divulgação de vagas de trabalho, e o
Twitter é um site que tem como objetivo a comunicação de mensagens curtas e que
direcionam a leitura para outros sites. A cada instante, um novo site é disponibili-
zado na internet como mais um espaço virtual para a expressão de opiniões, ideias,
compartilhamento de notícias e disseminação de informações.
Boyd e Ellison (2007) afirmam que a maioria destes sites são utilizados para
manter as relações sociais existentes, mas que alguns sites ajudam pessoas que
não se conhecem a se conectarem com base em interesses comuns. Os sites tam-
bém diferem entre si na medida em que disponibilizam recursos de informação e
comunicação diferenciados, tais como a possibilidade de conectividade a partir de
dispositivos móveis e o compartilhamento de fotos, vídeos e áudios de tamanhos
variados.
Os sites de rede social apresentam características e possibilidades de inte-
rações sociais que são comuns entre eles, no entanto, também há características
que os diferem uns dos outros. Por exemplo, há sites em que a informação a ser
compartilhada é, exclusivamente, uma imagem, como no caso do Instagram que
prioriza o compartilhamento de fotografias, mas que possibilita o compartilhamen-
to de vídeos com poucos segundos chamados de stories. Outros sites possibilitam o
compartilhamento de informações a partir de diversos suportes tecnológicos, como
imagens, vídeos, textos, parágrafos, e até arquivos, como o Facebook. Considera-
mos um suporte tecnológico
1
, todo recurso midiático que possibilita a visualização
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de uma informação, seja ela uma imagem, um texto, um vídeo ou um áudio e cada
site possui especificidades quanto às possibilidades de compartilhamentos e tipos
de interações possíveis.
Musso (apud SANTAELLA; LEMOS, 2010, p. 7) já afirmava que “a noção de
rede é onipresente e onipotente em todas as disciplinas”, isto é, o conceito de rede
está presente nas mais variadas áreas do conhecimento e é imprescindível com-
preender o conceito de rede para saber o que se passa nos sites de redes sociais, as
suas dinâmicas, como as informações se disseminam na internet, e como as ideias
e atitudes dos amigos, dos amigos, dos nossos amigos, nos influenciam (CHRISTA-
KIS; FOWLER, 2010).
Nesse momento é importante sabermos que mídias sociais não é o mesmo que
redes sociais e por isso é importante conhecermos o conceito de redes sociais. Para
Wasserman e Faust (1994, p. 20), “uma rede social consiste de um conjunto finito
de atores e as relações definidas entre eles” e que estas conexões podem ser de três
tipos: relação social, interação social e laço social. Conceituam rede social como
toda estrutura social que envolve indivíduos que partilham dos mesmos interesses
e afirmam que as redes sociais são representadas graficamente por sociogramas
2
,
que são grafos com nós indicando atores e arestas representando as conexões entre
estes atores e são recursos utilizados para determinar a sociometria
3
de um espaço
social.
Dos três tipos de conexão social em uma rede social, discutiremos a seguir
o tipo de conexão denominado de interação social que representa a comunicação
social entre os sujeitos em uma mídia social.
Interação social
A comunicação que ocorre nos sites de redes sociais é denominada de interação
social. Essa interação social ocorre entre os sujeitos de forma síncrona e/ou assín-
crona, isto é, em tempo real (online), e/ou em outro tempo (offline). Segundo Primo
(2003, p. 97), a interação é “uma série complexa de mensagens trocadas entre os
sujeitos”, e o autor ainda define dois tipos de interação: mútua e reativa.
A interação mútua é a comunicação entre duas pessoas criada pela ação de ambas. Onde
uma comunica-se com a outra e as duas comunicam-se entre si (são as ações entre duas
pessoas). Trata-se, da inter + ação criada pela ação de ambas. Isto é, a cada encontro, as
ações de uma definem (ou redefinem) a relação entre elas (PRIMO, 2003, p. 97).
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O autor afirma que a diferença entre a interação mútua e a interação reativa é
que a primeira constitui uma relação recíproca de trocas entre os atores envolvidos
no processo de comunicação. E, a segunda, as relações não se constituem. Neste
caso, é constatada uma comunicação unidirecional, em que somente um dos atores
age e os outros atores apenas recebem a mensagem sem interferir na comunicação,
nem na mensagem. O autor compreende que a interação é a “ação entre” e que a
comunicação é “ação compartilhada”. Em uma interação mútua, os atores trans-
formam-se mutuamente durante o processo, e a relação que emerge entre eles vai
sendo recriada a cada troca. O autor ainda afirma que nesse tipo de interação é
possível se prever o que vai acontecer porque todo o encaminhamento da relação é
negociado durante a interação. Ao interagirem, um modifica o outro. Na interação
reativa, as interações são limitadas pelo fato de que apenas um ator comunica-se
com o outro. A comunicação não tem duplo sentido, e o autor adota as palavras
“relação” e “relacionamento”, como sinônimas.
O conceito de interação possui várias definições, nas mais diversas áreas do
conhecimento e na perspectiva de diversos autores. A interação social neste tra-
balho é estudada à luz dos autores Watzlawick, Beavin e Jackson (2000), Cooley
(1975), Parsons e Shill (1975), Reid (1991), Silva (2010) e Primo (2003).
Watzlawick, Beavin e Jackson (2000) explicam que a interação representa um
processo sempre comunicacional. A interação é, portanto, aquela ação que tem um
reflexo comunicativo entre o indivíduo e seus pares, como reflexo social. Os autores
entendem que a interação atua diretamente sobre a definição da natureza das rela-
ções entre aqueles envolvidos no sistema interacional. A interação, pois, tem sem-
pre um caráter social perene e diretamente relacionado ao processo comunicativo.
Para Parsons e Shill (1975), as interações são parte das percepções do uni-
verso em que os atores estão inseridos influenciadas por elas e pelas motivações
particulares desses atores. Segundo Silva (2010), o conceito de interação foi trans-
mutado, na área da informática, para o termo “interatividade”. O autor faz uma
discussão sobre o uso indiscriminado do conceito de interação como argumento de
venda e aponta que:
[...] nos debates acadêmicos em que o conceito de interatividade é colocado em questão,
encontro frequentemente, pelo menos duas críticas. Uma considerando-o como argumento
de venda próprio da nova era tecnológica marcada pela indústria informática. Outra enfati-
zando que o termo interatividade não diz nada além do que já diz o termo interação (SILVA,
2010, p. 110).
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De acordo com Reid (1991), a interação social, no âmbito do ciberespaço, pode
dar-se de forma síncrona ou assíncrona, isto é, se a comunicação é em tempo real ou
não, respectivamente. Dependendo dos recursos disponíveis, são possíveis as duas
formas de comunicação na internet como, por exemplo, o envio de mensagens de
forma síncrona (em tempo real) para amigos que estão online naquele determinado
instante; e mensagens assíncronas que serão lidas quando o usuário estiver online.
Para Cooley (1975), a comunicação compreende o mecanismo último das in-
terações sociais. Estudar a interação social compreende, desse modo, estudar a
comunicação entre os atores. Estudar as relações entre suas trocas de mensagens
e o sentido das mesmas, estudar como as trocas sociais dependem, essencialmente,
das trocas comunicativas.
Segundo Koehler (2016), a comunicação que acontece em um site de rede so-
cial foi denominada como interação social em rede e nas redes que será discutida
na próxima seção.
Interação social nos sites de redes sociais
A comunicação entre usuários de sites de redes sociais é uma comunicação que
acontece em um ambiente de rede social na internet, e que denominamos de inte-
ração social em rede e nas redes. Esta comunicação é assim denominada porque
entendemos que a comunicação mediada pelo computador, que se utiliza de sites de
redes sociais, possibilita o tipo de conexão social denominada de interação social.
No entanto, não é qualquer interação social que se constitui em um site de rede
social. Esta interação social é uma interação que acontece a partir de uma rede de
relações sociais, e por isso, a denominação de interação social em rede e nas redes
(KOEHLER, 2016).
Estas interações sociais em rede constituem-se em uma comunicação coletiva,
pública e permanente, isto é, coletiva porque acontece em um ambiente de rede;
pública porque é visualizada por todas as conexões sociais do usuário; e perma-
nente porque permite a recuperação de parte da comunicação ao longo do tempo.
São interações sociais diferentes daquelas que acontecem comumente na internet,
justamente porque emergem de um site de rede social que é coletivo, público e com-
partilhado por dezenas, centenas ou milhares de outros usuários. São interações
sociais que se utilizam das conexões estabelecidas entre os usuários no site de rede
social para se espalhar entre outros usuários.
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A interação social em rede e nas redes emerge da união de várias redes sociais
4
das quais os usuários fazem parte. São capazes de levar milhares de pessoas a as-
sistirem um vídeo no YouTube, de influenciarem eleições presidenciais, de refletir
tendências, de levar centenas de pessoas a comprarem um determinado produto e
de se organizarem publicamente para ajudar pessoas vítimas de alguma tragédia.
A partir destas interações sociais que acontecem em rede e nas redes, movimentos
sociais são organizados, estruturados, disseminados e conduzidos em todo mun-
do. São, fundamentalmente, interações amplificadas, emergentes e complexas que
surgem da interconexão entre os usuários que fazem parte de um mesmo site de
rede social. E é esse tipo de interação social que emerge nos sites de redes sociais
que apresentamos neste trabalho.
A disseminação de diversos tipos de sites de redes sociais resultou em novas
formas de comunicação e interação entre as pessoas. Recuero, Bastos e Zago (2015)
afirmam que “os sites de redes sociais permitiram às pessoas publicar e ampliar
suas redes, criando novas conexões e novas formas de circulação de informação”.
No entanto, sabemos que foi muito mais do que isso, estes sites de redes sociais
proporcionam uma comunicação coletiva, em tempo real (síncrona) ou não (assín-
crona), pública e capaz de atingir um número expressivo de pessoas.
As interações sociais em rede e nas redes diferenciam-se dos demais tipos de
interação social no espaço digital porque são constituídas dentro de um ambiente
que organiza e que representa as redes sociais reais. São interações capazes de “cir-
cular” pelas conexões sociais dos usuários, espalhando-se para outros grupos so-
ciais, e para outros espaços dentro do site de rede social. São interações que fazem
as informações circularem entre as diversas redes sociais dos usuários, emitindo
e recebendo novidades, mas que não necessariamente são informações comparti-
lhadas entre usuários conectados entre si. Isto é, são interações que disseminam
informações de outros usuários que não são suas conexões diretas, são os amigos,
dos amigos, dos seus amigos (CHRISTAKIS; FOWLER, 2010). Sendo assim, são
interações sociais que surgem entre alguns usuários e que vão sendo disseminadas
na rede pelas conexões sociais que estes usuários possuem.
A interação social em rede e nas redes surge nos sites de redes sociais jus-
tamente porque estes sites possuem os recursos e funcionalidades que permitem
a comunicação em rede. São comunicações que não estão restritas a um ou dois
usuários, ou a pequenos grupos de usuários, mas são comunicações que extrapo-
lam os limites destes, e ampliam o seu alcance a outras redes sociais. Por isso,
as interações sociais em rede são potencializadas pelos sites de redes sociais que
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facilitam a comunicação não apenas de usuários que são da mesma rede social, mas
também, de usuários que fazem parte de outras redes sociais. Qualquer usuário
de um site de rede social tem muito mais possibilidades de estar em contato com
pessoas de redes sociais desconhecidas, do que se este usuário não tivesse um perfil
no Facebook, por exemplo. Estes sites potencializam as redes sociais já existentes
e facilitam o acesso a novas redes sociais.
A interação social em rede e nas redes é possibilitada pelos recursos e fun-
cionalidades que o site de rede social dispõe. Por exemplo, o Facebook oferece os
recursos de “curtir”, “comentar”, “curtir comentário”, “visualizar”, “cutucar”, “com-
partilhar” e “chat” como tipos de interação social em rede. São recursos que o Face-
book oferece aos usuários para comunicarem-se na rede. Quando um usuário usar
um destes recursos, todas as suas conexões, receberão nas suas “linhas do tempo”
a informação de que aquele usuário curtiu, comentou, compartilhou, etc. alguma
informação.
A interação social em rede também torna público as relações sociais construí-
das entre os usuários apresentando “quem é amigo de quem” e “quem são os ami-
gos em comum”, como é possível visualizar no Facebook. Outra característica da
interação social em rede é a possibilidade de fazer com que uma informação seja
“espalhada” entre diversas redes sociais com apenas um clique.
Compreendemos que a interação social em rede se constitui a partir da metá-
fora da rede, ou seja, “as redes são metáforas estruturais para os grupos humanos,
onde se procura compreender as suas inter-relações” (RECUERO, 2014, p. 127-
128). Neste sentido, “os sites de redes sociais são metáforas para esses grupos na
mediação do computador” (RECUERO, 2009, p. 56). Em outras palavras, Recuero
(2014, p. 128) diz que “as redes sociais ficam explícitas no site de rede social a par-
tir das interações sociais que emergem entre os usuários”, e que “as conexões são
os elementos mais complexos das redes sociais porque são as conexões que unem os
usuários em grupos sociais” (RECUERO, 2014, p. 128-129). Compreendemos a in-
teração social em rede como a comunicação síncrona e/ou assíncrona entre tríades,
que é a comunicação no mínimo entre três atores.
A Figura 1 mostra a composição de uma tríade representada em um grafo
direcionado. É importante salientar que a Teoria dos Grafos, de Leonard Euler,
oferece o embasamento teórico e matemático para a compreensão das redes sociais
e das suas propriedades.
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Figura 1 – Grafo que representa uma tríade
Fonte: Koehler (2016, p. 83).
Compreendemos a interação social em rede e nas redes como sendo as diver-
sas formas que os usuários têm para se comunicarem em um site de rede social. A
seção seguinte apresenta uma discussão sobre como as mídias sociais colaboram
para com convívio sociocultural entre os sujeitos em interação.
Sociedade em rede, redes sociais e socialização
De acordo com Capra (2002, p. 93), o padrão em rede – network pattern – é
um dos padrões de organização mais básicos de todos os sistemas vivos. Conforme
o autor, em todos os níveis de vida – desde as redes metabólicas das células até as
teias alimentares dos ecossistemas –, os componentes e os processos dos sistemas
vivos se interligam em forma de rede. Diante disso, foi feita uma aplicação da
compreensão sistêmica da vida – em específico em relação à compreensão das redes
– ao domínio social.
Com isso, a sociedade passou a ser analisada sob esse viés das redes prin-
cipalmente a partir dos estudos do sociólogo Castells (2005). Capra (2002, p. 94)
explica que as redes sociais são, antes de mais nada, “[...] redes de comunicação que
envolvem a linguagem simbólica, os limites culturais, as relações de poder e assim
por diante”. É uma situação que envolve todos os setores da sociedade, pois tudo
acaba sendo interligado através das teias da rede.
Capra (2002, p. 96) explicita essa forma de organização mencionando que “[...]
para interpretar alguma coisa, nós a situamos dentro de um determinado contexto
de conceitos, valores, crenças ou circunstâncias”. O autor ainda continua: “para
compreender o significado de alguma coisa, temos de relacioná-la com outras coisas
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no ambiente, no seu passado ou no seu futuro. Nada tem sentido em si mesmo”.
Portanto, todas as experiências, os fatos, as situações vivenciadas são automa-
ticamente relacionadas a outras que interligam toda a conjuntura da sociedade
contemporânea, em um processo que é cíclico e nada constante, pois como o próprio
autor menciona, a rede social é “um padrão não linear de organização” (CAPRA,
2002, p. 93).
Assim, por entender que “a tecnologia é uma das características que definem
a natureza humana: sua história se estende por todo o decorrer da evolução do ser
humano” (CAPRA, 2002, p. 97), é preciso reconhecer que elas sempre possuíram
e – mais do que nunca – possuem estreitas relações com a sociedade. Desde os
primeiros utensílios criados para auxiliar o homem em seu cotidiano até os cabos
de fibra ótica da atualidade, tudo é tecnologia, o que acabou por criar uma situação
de extrema relação entre o homem e ela (MARCON, 2008).
Portanto, frente a essa “nova compreensão da vida [...]” (CAPRA, 2002, p. 97),
acredita-se que as tecnologias de rede acabam potencializando essa estrutura so-
cial, pois através delas a rede – em âmbito mundial – acontece, pois inexistem as
barreiras do tempo e do espaço, já mencionadas anteriormente neste estudo. As
TDR criam cada vez mais possibilidades e alternativas para que todos os pontos
do mundo se conectem através da rede, instituindo, assim, essa sociedade em rede.
Diante disso, Castells (2005, p. 276) menciona que:
[...] mais que ver a emergência de uma nova sociedade, totalmente on line, o que vemos
é a apropriação da Internet por redes sociais, por formas de organização do trabalho, por
tarefas, ao mesmo tempo que muitos laços fracos, que seria demasiadamente complicados
de manter off line, podem ser mantidos on line.
A internet potencializa as redes sociais, contribuindo para o estreitamento e
fortalecimento das próprias relações sociais. Nesse sentido, na contemporaneida-
de, Castells (2005, p. 256) considera que “[...] a internet é – e será ainda mais – o
meio de comunicação e de relação essencial sobre o qual se baseia uma nova forma
de sociedade que já vivemos”, aquela que o autor chama de sociedade em rede.
Para Castells (2005, p. 287), internet é sociedade porque expressa os processos
sociais, os interesses sociais, os valores sociais, as instituições sociais. O próprio
autor se questiona sobre qual é, então, a especificidade da Internet se ela é socieda-
de? Para o autor, a especificidade é que ela constitui a base material e tecnológica
da sociedade em rede. A internet é a infraestrutura tecnológica e o meio organizati-
vo que permite o desenvolvimento de uma série de novas formas de relações sociais
e socialização. Essas relações sociais não têm sua origem na Internet, sendo frutos
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de uma série de mudanças históricas, elas jamais poderiam se desenvolver sem a
rede mundial de computadores.
Considerações
Em tempos de pandemia da Covid-19, com o isolamento físico e a restrição de
utilização dos espaços públicos, o uso das mídias sociais como meios de socialização
entre os sujeitos tem sido observado no cotidiano de muitas pessoas. As mídias
sociais organizam as relações sociais no mundo digital e potencializam as intera-
ções sociais entre as pessoas que estão conectadas, permitindo que as pessoas se
conectem de qualquer lugar, em qualquer tempo e espaço.
As mídias sociais possibilitam um convívio sociointelectual entre os sujeitos.
Diversas atividades humanas foram ressignificadas nesse contexto de pandemia, e
dentre elas destacamos a ampliação da transmissão de lives via streaming com fins
profissionais, acadêmicos e culturais em diversos sites de redes sociais e abertas ao
grande público, além de discussões em grupos específicos de sites de redes sociais.
A cultura digital, as tecnologias digitais de rede e os sites de redes sociais
estão cada vez mais inseridos nos nossos contextos, sejam eles, familiares, sociais,
acadêmicos ou profissionais. A cultura digital é um campo vasto e potente, pois
pode estar articulada com qualquer outro campo além das tecnologias, como por
exemplo a arte, a educação, a filosofia, a sociologia, etc. Maximiza todos os campos
dos saberes dispostos, tanto dentro, quanto fora do espaço escolar justamente por
encontrar-se em um lugar que não pode fechar-se para o seu entorno, que o está
desafiando os novos jeitos de aprender.
Vivemos e convivemos em uma sociedade desenvolvida sob a influência do pa-
radigma comunicacional de massa, analógico, hierárquico e linear, em que a trans-
missão das mensagens era apenas de um lado da comunicação, sendo que o outro
lado apenas consumia as informações emitidas. No paradigma comunicacional das
redes, os sujeitos não só conseguem interagir entre si, como também, produzem
conteúdo na internet. A popularização dos sites de redes sociais imprime ao sujeito
o potencial de participação e interação social com seus pares, em uma perspectiva
de coautoria e inteligência coletiva, e cada vez mais potencializa a socialização dos
sujeitos em um mundo digital que acontece em rede e na rede.
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Notas
1
Entende-se por suporte tecnológico o recurso utilizado para compartilhar uma postagem, como por exem-
plo: link para um site; link para um vídeo do YouTube; texto; arquivo; imagem; áudio (podcast), entre
outros.
2
Sociograma é uma técnica de análise de dados que concentra a atenção sobre a forma como os laços sociais
são estabelecidos dentro de qualquer grupo. Disponível em: http://es.wikipedia.org/wiki/Sociograma. Aces-
so em: 28 jul. 2020.
3
Sociometria do latim socius + metrum, é uma ferramenta analítica para estudo de interações entre grupos.
A sociometria pode ser entendida também como o estudo dos vínculos existentes entre indivíduos, enquan-
to formadores sociais. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Sociometria. Acesso em: 28 jul. 2020.
4
É importante ressaltar que quando usamos os termos “redes sociais” ou “rede social”, estamos nos refe-
rindo ao seu sentido estrito, que é o círculo de pessoas do qual fazemos parte. Não usamos o termo “rede
social” como sinônimo de “site de rede social” porque esse é a mídia de rede social e não é a rede social,
propriamente dita.
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Interação em mídias sociais e socialização: algumas interfaces
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