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ESPAÇO PEDAGÓGICO
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Interação em mídias sociais e socialização: algumas interfaces
v. 28, n. 1, Passo Fundo, p. 144-165, jan./abr. 2021 | Disponível em www.upf.br/seer/index.php/rep
cialmente, permite o rompimento da verticalidade imposta durante muito tempo
pelas mídias de comunicação de massa, possibilitando ao indivíduo a interação com
processos comunicacionais que superam os meios convencionais de comunicação,
pois potencializam a abertura dos polos de emissão de mensagem.
Aquele que, antes, era espectador, passa a interagir com os meios. As mesmas
tecnologias que potencializam a dinâmica da globalização suportam essa nova con-
figuração social denominada cibercultura. A cibercultura nasce com as tecnologias
de rede, sendo fruto de um trabalho cooperativo em âmbito planetário. Nela há um
livre e fácil acesso à informação, um processo que está em constante renovação.
Diante disso, aponta-se para a relação das tecnologias digitais de rede com os di-
versos saberes, ou, como Lévy (2003, p. 28) menciona, com a inteligência coletiva,
entendida como “uma inteligência distribuída por toda parte, incessantemente va-
lorizada, coordenada em tempo real, que resulta em uma mobilização efetiva das
competências”. O autor complementa que esta é uma inteligência distribuída em
toda a parte porque ninguém sabe de tudo, todos sabem de alguma coisa e todo o
saber está na humanidade. Na coordenação das inteligências em tempo real, os
acontecimentos, as decisões, as ações e as pessoas estariam situados nos mapas
dinâmicos de um contexto comum, e transformariam, continuamente, o universo
virtual em que adquirem sentido (LÉVY, 2003, p. 29).
Na dimensão da cibercultura, como aponta Lévy (2003, p. 30), “deixar de reco-
nhecer o outro em sua inteligência é recusar-lhe sua verdadeira identidade social
[...]”. Frente a isso, é necessário salientar que essas potencialidades reticulares
portadas pelas tecnologias de rede – nas quais há diferentes formas de troca de
informações, de dados, de arquivos – possibilitam descentralizar o poder comunica-
cional que antes existia com os meios de massa e apontam caminhos para que essas
inteligências individuais compartilhadas, constituam, efetivamente, a inteligência
coletiva, pois não há detentores do conhecimento uma vez que ele se torna univer-
sal. Lemos (2004, p. 13) evidencia essa característica ao afirmar que:
A cibercultura, esse conjunto de processos tecnológicos, midiáticos e sociais emergentes
a partir da década de 70 do século passado com a convergência das telecomunicações, da
informática e da sociabilidade contracultural da época (Breton, 1990; Castells, 1996), tem
enriquecido a diversidade cultural mundial e proporcionado a emergência de culturas lo-
cais em meio ao global supostamente homogeneizante. Uma das principais características
dessa cibercultura planetária é o compartilhamento de arquivos, música, fotos, filmes, etc.,
construindo processos coletivos.
Nesse âmbito, a cibercultura propõe uma emergência das culturas locais em
âmbito global. São esferas menores da sociedade que, agora, podem compartilhar