
A Teoria da Aprendizagem Significativa em pesquisas na área de Ensino de Ciências da Natureza
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v. 29, n. 2, Passo Fundo, p. 444-468, maio/ago. 2022 | Disponível em www.upf.br/seer/index.php/rep
forma diferente. Já, se apenas ocorresse a reconciliação integradora, tudo pareceria
igual, sem distinções. No que diz respeito as condições necessárias para ocorrência da
AS, geralmente tem-se a necessidade de o material ser potencialmente significativo e de
o aprendiz apresentar uma pré-disposição para aprender significativamente
(AUSUBEL; NOVAK; HANESIAN, 1980).
Por material pode-se considerar os livros, textos, filmes, aplicativos e a própria
aula que podem ser utilizados para abordagem dos conceitos em sala de aula
(MOREIRA, 2012). Este é considerado como potencialmente significativo em virtude
dos significados, na perspectiva construtivista, estarem nas pessoas e serem por elas atri-
buídos (MOREIRA, 2012). Assim, dizer que o material deve ser potencialmente
significativo implica na necessidade de ele apresentar um significado lógico para o dis-
cente. Isto é, de ele ser passível de se relacionar, de modo não literal e não arbitrário em
sua estrutura cognitiva, processo que depende da existência de subsunçores.
O segundo fator, a pré-disposição em aprender, não se refere especificamente à
afinidade discente por uma dada disciplina e/ou conteúdo, apesar das experiências afe-
tivas serem importantes (NOVAK, 1981), mas dele apresentar a disposição em
relacionar, de modo interativo, os novos conhecimentos aos seus subsunçores, modifi-
cando, enriquecendo e (re)atribuindo significado a ambos (MOREIRA, 2012). Para
isso, o estudante deve compreender a importância do novo material e querer aprender
de modo significativo, o que também requer a presença de subsunçores relevantes em
sua estrutura cognitiva (MOREIRA, 2012). Destas discussões, pode-se compreender
o motivo de Ausubel, Novak e Hanesian (1980) considerarem que o fator isolado pri-
mordial que influência na ocorrência da AS se refere ao que o estudante já conhece.
Até o momento discutiu-se sobre a aprendizagem significativa, no entanto,
quando ela não se concretiza, ocorre a aprendizagem mecânica (AM) (AUSUBEL;
NOVAK; HANESIAN, 1980). Suas caraterísticas incluem: simples memorização de
fatos e fórmulas e a repetição mecanizada de exercícios e procedimentos.
Dentre outros fatores, a AM pode acabar resultando no desinteresse e desmoti-
vação de alunos pelo estudo das disciplinas, além de comprometer aprendizagens
conceituais futuras. A concretização da AM se dá quando a relação entre novos conhe-
cimentos e a estrutura cognitiva dos alunos ocorre de maneira arbitrária (sem
ligação/relação com subsunçores específicos). Assim, quando ela se efetiva, tem-se
como resultado um conhecimento conceitual memorizado ao qual praticamente não
foram atribuídos significados (MOREIRA, 2012).
Para finalizar as discussões da presente seção, cabe ressaltar que Ausubel, Novak
e Hanesian (1980) não fazem oposição entre a aprendizagem significativa e mecânica.