
1180 ESPAÇO PEDAGÓGICO
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Cláudio Almir Dalbosco, Odair Neitzel
v. 28, n. 3, Passo Fundo, p. 1174-1188, set./dez. 2021 | Disponível em www.upf.br/seer/index.php/rep
bilidade e não simplesmente exerce uma determinação sobre ele. Mas os clássicos
não mudaram o termo e, portanto, deve-se ter um interesse quase filosófico na
questão da educação, deve-se ser capaz de lidar de forma muito crítica com a prá-
tica educacional convencional, para poder detectar as diferenças – com o mesmo
conceito – com precisão.
Meu orientador de doutorado, Dietrich Benner, fala aqui da distinção entre
educação “afirmativa” e “não afirmativa”. Preferi, então, falar de Eduktion ao invés
de “educação não afirmativa” e deixar o termo Erziehung para aqueles que querem
“puxar” seus filhos em uma direção muito específica, de acordo com determinadas
normas, que não levam a criança à autonomia, mas praticam a tutela permanente.
A Eduktion, por outro lado, não deriva da palavra latina educare, mas de edu-
cere ou exducere, que significa conduzir para fora. Aqui, estou preocupado com um
“ato de libertação” ou “caminho de libertação” dos “grilhões da infância” para a edu-
cação. A educação está, portanto, “levando à educação”, à educação no sentido mais
abrangente possível. A associação de “liderança” está orientada para a alegoria de
Platão sobre a caverna, que enfatiza particularmente o aspecto da libertação.
É precisamente este tipo de compreensão de educação que tenho notado nos
clássicos da pedagogia, embora, como eu disse, eles não falavam de Eduktion, mas,
precisamente, de Erziehung; Rousseau falou então de éducation. Até agora, porém,
ainda não consegui me afirmar com meu novo conceito.
É claro que, apesar de toda a diferenciação conceitual, tenho o problema que
meus colegas muitas vezes chamam a si mesmos de pesquisadores da educação e,
ao fazerem isso – e que também é o que eles de fato fazem! – estão mais preocupa-
dos academicamente com a problemática da má condução da ação pedagógica do
que com as possibilidades e perspectivas alternativas da pedagogia clássica.
Meu livro de Rousseau, em sua terceira edição, ofereceu-me assim a oportuni-
dade de incorporar meu entendimento sobre educação na interpretação da pedago-
gia de Rousseau.
Com relação ao problema da perfectibilidade, é digno de nota que Rousseau,
como autor do pensamento francês, não possui o termo alemão Bildung, mas ele
usa, em vez disso, de forma muito específica, o conceito de capacidade de perfecti-
bilidade, que em alemão pode ser traduzido como Vervollkommnungsfähigkeit, que
em certos aspectos também está muito próximo do conceito alemão de formação.
E o ponto aqui é que Rousseau, no seu Segundo Discurso, identifica esta perfecti-
bilidade, juntamente com a liberdade, como características essenciais da natureza
humana. Assim, a supressão não só da liberdade, mas também da capacidade de