
Diálogo com educadores
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v. 29, n. 1, Passo Fundo, p. 376-383, jan./abr. 2022 | Disponível em www.upf.br/seer/index.php/rep
ou Atendente Terapêutico e, com o monitor. Essa equipe precisa de tempo de reunião
para planejar, implementar e avaliar. Além disso, precisam estar conectados com os
profissionais de fora da escola que também atuam com o estudante, ou seja, a médica,
a psicóloga, a fonoaudióloga, a fisioterapeuta, entre outros. Pode ser utópico. Mas,
precisamos sonhar para não desesperançar. Cabe ressaltar que só tenho visto salas de
recursos em Escolas Públicas, a Rede Privada geralmente não oferta este serviço e, na
maioria das vezes, os salários dos monitores específicos para uma criança com deficiên-
cia são divididos entre família e instituição.
REP — Quais seriam os principais pontos a serem trabalhados na formação de profes-
sores - tanto na formação inicial, quanto continuada -, para a educação especial na
perspectiva da educação inclusiva?
Dra. Tatiana Bolívar Lebedeff — Percebo nos cursos de licenciatura uma tendência a
teorizar mais do que praticar. Tenho uma parceira de pesquisa que é professora do
Curso de Matemática na UFPEL, ela trabalha de maneira maravilhosa com produção
de materiais didáticos e laboratório de experimentação desses materiais, é “didática
raiz”! Não digo que termos que parar de teorizar, pelo contrário, mas creio que damos
pouquíssimo espaço às experimentações didáticas, que não poderiam ocorrer apenas
em estágios curriculares. A experimentação, na minha opinião, deveria ser entre os co-
legas: experimentando, questionando, problematizando, estabelecendo relações com a
teoria. Tenho visto formação de licenciados que saem da universidade como excelentes
Historiadores, Geógrafos, Filósofos, Linguistas, entre outras formações, mas, não tem
nenhuma pista em como ensinar sua disciplina para o quinto ano do fundamental.
Então eles entram na escola, iniciam o trabalho com o quinto ano e lá na sala de aula
tem um aluno com TDAH, outro com Deficiência Intelectual, mais meia dúzia em
vulnerabilidade econômica, entre outros fatores de heterogeneidade. Esse universo re-
quer uma prática que não sai da cartola. Quando esse universo foi problematizado e,
se problematizado, quais as alternativas de desenvolvimento de trabalho que foram dis-
cutidas? Por outro lado, a Educação Especial e a Educação Inclusiva nem fazem parte
da formação inicial, com raríssimas exceções! Na minha instituição, temos apenas 2 ou
3 cursos com a disciplina de Educação Inclusiva como obrigatória. Apenas duas pro-
fessoras concursadas na área para todas as Licenciaturas. Os alunos aprendem sobre
Educação Inclusiva nos estágios, na prática. A disciplina de Libras não dá conta da
Educação inclusiva, pois é uma disciplina muito específica para dar conta do ensino de
uma língua e, muitas vezes, aborda tangencialmente a educação de surdos. Toda hora