
Camila Chiodi Agostini, Larissa Morés Rigoni
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v. 29, n. 3, Passo Fundo, p. 997-1003, set./dez. 2022 | Disponível em www.upf.br/seer/index.php/rep
poucos filhos. Sendo assim, conseguem dirigir mais recursos para a educação dos filhos,
bem como conseguem estar mais presentes no processo, constituindo-se essa uma es-
tratégia utilizada para retirar seus filhos da escola, apresentando maiores vantagens. As
famílias adotam um estilo de “cultivo orquestrado”, delimitando e controlando os es-
paços de socialização, bem como toda a rede de apoio necessária.
O quinto capítulo é escrito pelos pesquisadores Mayara Lustosa Silva Pessoa e
Alexsandro Vieira Pessoa, cujo título se apresenta como ‘Homeschooling e o debate sobre
os movimentos sociais’. O conceito movimento social é apresentado de acordo com
diferentes perspectivas e o relacionam com o homeschooling, com o objetivo de identi-
ficá-lo ou não como um movimento social. Ao concluir, o texto apresenta a vertente
de que, embora a educação domiciliar apresenta uma grande mobilização no Brasil,
tendo uma aparência de movimento social, tem suas particularidades e não pode ser
confundida com os movimentos sociais tradicionais, devido aos projetos apresentados
por seus adeptos envolvidos.
O advogado e pesquisador Édison Prado de Andrade apresenta seu texto, no
sexto capítulo, ‘A Educação Domiciliar e a Religião', e desafia-se em discutir sobre a
religiosidade nas famílias adeptas ao homeschooling. Ao optar por educação em casa, os
pais e o grupo de convívio, se orientam pelo viés do que acreditam e o que tem por
verdade, como valores, religião, crenças, etc. Isso resulta em uma educação tradicional,
forjando uma cultura moderna. As famílias, ao se oporem a educação na escola, estão
optando pelos fundamentos antigos com ligação forte à religião, privando-os dos ideais
naturalistas e darwinistas que estão presentes em sistema público ou privado de ensino.
O último texto, o qual fecha a segunda parte da Coletânea, sendo o sétimo capí-
tulo, ‘Evolução Biológica: crença religiosa ou patrimônio científico-cultural da
humanidade?’, de autoria dos professores Nelio Bizzo, Luís Bizzo e Pedro Ramos, apre-
senta uma contestação acerca de um dos principais argumentos que defendem o ensino
em casa. O texto, de início, pondera sobre a teoria evolutiva proposta inicialmente por
Charles Darwin, realizando um contraponto com as crenças criacionistas. Ao concluir,
os autores discorrem sobre a importância da liberdade acadêmica que garante o exercí-
cio da razão, e que o pensamento crítico só é possível a partir da liberdade. Citam as
palavras do ministro Barroso para fechar o capítulo “[...] O excesso de proteção não
emancipa, o excesso de proteção infantiliza” (p. 378).
Os quatorze capítulos apresentados no decorrer da Coletânea, trazem uma temá-
tica de destaque e conseguem debater e se complementar, em alguns momentos, sobre
a educação domiciliar, trazendo uma literatura profunda e atual. Com o intuito de
apresentar os fundamentos e pressupostos, os autores trouxeram ricas informações que