
Metacognição no ensino de física: da concepção à aplicação
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v. 29, n. 2, Passo Fundo, p. 737-740, maio/ago. 2022 | Disponível em www.upf.br/seer/index.php/rep
Para definir metacognição, Cleci se utiliza da versão clássica proposta por Flavell
e interpreta as componentes do conceito utilizando-se de outros estudos e referenciais.
A saber, Cleci adota a concepção de metacognição como um processo de “tomada de
consciência do sujeito sobre seus conhecimentos, sobre seu modo de pensar” (p. 17) o
que “favorece a regulação de ações, possibilitando maior êxito nesse processo” (p. 17).
Essa grande concepção é mobilizada a partir de duas grandes componentes, as quais são
mediadas, cada uma delas, por três elementos. A primeira componente é a Conheci-
mento do conhecimento, a qual é composta pelos elementos: pessoa, tarefa e estratégia.
Para além do texto clássico de Flavell, nesta componente Cleci também se apoia em
um estudo de Flavell e Wellman para caracterizar cada elemento. A componente Con-
trole executivo e autorregulador é constituída pelos elementos: planificação, monitoração
e avaliação. Cleci discute que nos estudos de Flavell não há muita ênfase nesta parte da
metacognição, logo se utiliza os trabalhos de Brown para caracterizá-la.
Para fechar o primeiro capítulo, a autora destaca que essa concepção de metacog-
nição não é a única, mas sim a que ela, no momento, julga ser a mais pertinente para
o seu contexto de aplicabilidade. Porém, discute ainda que com a expansão e popula-
rização do termo, a metacognição vem atingindo outros horizontes e sendo incorporada
em pesquisas de outras áreas do conhecimento. Claro que este é um processo positivo,
devido à importância do pensamento de ordem metacognitiva, todavia, essa expansão
desenfreada acabou gerando uma polissemia do termo e, por vezes, uma nebulosidade
teórica. Ainda, destaca que, apesar deste processo polissêmico, na acadêmica em geral
existe um consenso quanto ao núcleo do termo ser um processo de controle cognitivo,
o que a leva ao próximo capítulo.
No capítulo 2 a discussão centra-se nas influências e fundamentos da psicologia
cognitiva. A autora inicia caracterizando e defendendo a importância das pesquisas na
área e fazendo relação direta com a aprendizagem, tendo em vista que ambas se centram
no processo de apuração da informação - cada qual com suas especificidades. A partir
desta relação, introduz-se a metacognição como meio de consciência e controle da in-
formação e ainda como potencial de aprendizagem. Dois teóricos da área da psicologia
cognitiva e que construíram grande reconhecimento e influência na educação são Pi-
aget e Vygotsky. Estes autores trouxeram possibilidades para o desenvolvimento da
cognição humana e, consequentemente, influenciam os processos de aprendizagem,
por isso Cleci destina a maior parte deste capítulo para mostrar que a metacognição
está presente em suas teorias, ainda que sem o uso direto do termo. Discutindo as duas
perspectivas teóricas e baseando-se na metacognição, a autora aponta um caminho em
comum: associação à concepção construtivista, a qual relata no próximo capítulo.