
1032 ESPAÇO PEDAGÓGICO
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Geise Kelly Alves de Morais, Aparecida Favoreto
v. 28, n. 3, Passo Fundo, p. 1016-1035, maio/ago. 2021 | Disponível em www.upf.br/seer/index.php/rep
fundação Calouste Gulbenkian; e uma antologia organizada por Norbert Hilgenheger, a qual foi traduzida
por José Eustáquio Romão e publicada no Brasil em 2010.
6 Com base em Alves (2001), destaca-se que já no final do século XIX, muitos países da Europa e alguns da
América, principalmente naqueles que a industrialização estava mais desenvolvida, a defesa da escola
pública crescia no poder público. No Brasil, conforme afirma Favoreto (1998), diversos intelectuais defen-
deram que a escola pública seria necessária para formar o novo quadro de trabalhadores e adequar o povo
a nova ordem política.
7 Diante da herança social deixada com a invasão das terras indígenas, escravização dos povos africanos e
indígenas, necessidades criadas com a Proclamação da República e com a crise do liberalismo internacio-
nal, a formação da consciência nacional foi anunciada, segundo Abud (1998), como um problema educacio-
nal, o qual tinha como interesse manter a unidade nacional e a ordem social da elite.
8 Para maiores informações sobre os Pareceres e Annais Parlamentares, consultar Barbosa (1946) e Macha-
do (2010).
9 “Lição de coisas”, base do método intuitivo preconizado por Pestalozzi (1746-1827), caracterizava-se “por
oferecer dados sensíveis à observação, indo do particular ao geral”, do racional ao abstrato (ZANATTA,
2012, p. 107). Foi justamente, quando teve acesso ao manual “Lições de Coisas” (1861), de autoria de
Norman Alisson Calkins, que Rui Barbosa aproximou-se e interessou-se por este método, o qual naquele
contexto revolucionou a educação e os currículos de diversos países. A tradução e publicação do referido
manual foram realizadas por Rui Barbosa em 1883 e 1886, respectivamente. Sobre o tema, consultar:
Zanatta (2012) e Santos e Alves (2019).
10 Segundo Favoreto (2015), no início do século XX, o mundo foi marcado por alguns acontecimentos signifi-
cativos, entre os quais, destacando-se a Primeira Guerra Mundial e o prenúncio de uma Segunda; a queda
da bolsa de Nova York; a Revolução Operária na Rússia; o crescimento do sistema de comunicação (rádio,
telefone, automóvel e o avião) e a implementação do trabalho racional, de forma diversa, contribuíram
para aumentar a crença nos poderes da ciência e do Estado na intervenção econômica e na centralização
educacional.
11 No Brasil, juntamente com os inúmeros acontecimentos interacionais, outros específicos marcaram a épo-
ca, tais como: a crise da economia cafeeira; fim da “política café com leite”; constituição do Estado Novo;
imigração e crescimento urbano/industrial e dos Movimentos Sociais, que aceleraram a reorganização
política e econômica, bem como o processo de discussões sobre a reforma educacional. Sobre isso, consultar
Favoreto (2015).
12 Mesmo após sua morte, Herbart e o herbartismo tiveram adeptos e simpatizantes em muitos países além
da própria Alemanha. Sobre as especificidades destes grupos, consultar o prefácio à edição portuguesa da
obra Pedagogia geral (GOMES, 2003).
13 A crítica de Durkheim (2012) à educação herbartiana se fundamenta na hipótese de que sua proposta
buscava mais desenvolver a moral individual do que a sociedade.
14 Wilhem Rein (1847-1929), nome pertencente ao grupo de neo-herbartianos, foi quem introduziu algumas
modificações no sistema herbartiano, especificamente nas etapas da instrução, comumente propagadas pela
historiografia educacional brasileira como os cinco passos formais, mas que originalmente Herbart as orga-
nizou em dois momentos que se desdobram em quatro etapas. O primeiro momento, nomeado de “aprofunda-
mento”, desdobra-se nas etapas de “clareza” e “associação”. O segundo, nomeado de “reflexão”, perpassa pela
etapa do “sistema” e “método”. Para mais informações, consultar: Larroyo (1974) e Herbart (2003).
15 Os números de matrículas e de anos em que os alunos permanecem no ensino têm crescido no Brasil,
entretanto, os resultados atingidos nos sistemas de avaliações mostram que o rendimento dos alunos tem
sido baixo, trazendo à tona discussões sobre o currículo, as políticas públicas e a pedagogia, inclusive sobre
a ação reflexiva e a disciplina escolar. Para ampliar as discussões, consultar: Dalbosco (2018) e Favoreto,
Figueiredo e Deitos (2019).
16 O neo-humanismo caracteriza-se, principalmente, por pensar na formação humana (educação geral) com o
objetivo de “propiciar o desenvolvimento de todas as disposições (capacidades) humanas nas mais diferen-
tes direções” (DALBOSCO, 2018, p. 1132). Segundo Hilgenheger (2010), Herbart partilha deste princípio
como resultado da apropriação das ideias de Rousseau (1712-1778) e, principalmente, Immanuel Kant
(1724-1804).
17 O pedagogo suíço Johann Heinrich Pestalozzi, autor da pedagogia intuitiva fundamentada na psicologia
sensualista, afirmou que a vida mental se estrutura pautada nos sentidos, ou, valendo-se do concreto. De