Tempo e memória na conscientização histórica
DOI:
https://doi.org/10.5335/srph.v23i1.15522Palabras clave:
Tempo; , Memória; , Trauma histórico;Resumen
Todo o sujeito traz consigo a sua própria consciência histórica. Uma experiência pretérita, baseada e construída conjuntamente com o processo da sua própria individuação . É um sentimento e um lugar único, a partir do qual se tem a experiência da vida e de imersão no fluxo histórico. Uma perspectiva tão particular que não pode ser experimentada por ninguém mais além de si próprio. É uma compreensão profunda encapsulada e, de certa forma, cristalizada em pressupostos decorrentes de vivências, experiências e abstrações mentais, as quais foram construídas, consciente e inconscientemente, ao longo do decurso da vida. É um repositório psicológico ao qual o indivíduo recorre – sobretudo, inconscientemente. Para entender meio ambiente que o cerca, posicionar-se, refletir e tomar suas decisões. Mas a consciência de si ou o processo de “conscientização”, na Jornada pelo abandono da ingenuidade, como a proposta por Paulo Freire, no livro de mesmo nome, não se serve apenas das experiências autóctones do sujeito, pelo contrário, é uma construção holística, na qual o compartilhamento de memórias sociais consubstanciadas nas narrativas, interações e experiências de outrem, constituem uma porção mais que significativa da gênese do universo social ao qual esse indivíduo está imerso. Nesse contexto, a História como uma ciência humanística, não pode prescindir de considerar o lado humano mais elementar no processo de construção da consciência e da memória, os mecanismos biológicos e evolutivos que os regem e que na hierarquia evolutiva da razão nos dissocia dos demais seres vivos. Contudo, conforme Carl Gustav Jung (1960), Alfred Adler (1945), Paulo Freire (2016), António Damásio (2018) e o próprio Jörn Rüsen (2010), na convergência das várias visões sobre a formação da consciência, concordam de que esta irrompe primordialmente da porção animal do nosso lado o humano, emergindo dos imperativos biológicos mais essenciais, de onde advém toda a lógica e princípios que sustentam nossos modernos mecanismos procedimentais, decisórios, de alteridade, memória, senso crítico e, por sua vez, a consciência histórica. Por isso, residiria nas pulsões primordiais de autopreservação, florescimento social e infinitude, as razões pelas quais as memórias individuais, coletivas, sociais e arquetípicas seriam tão determinantes para o equilíbrio psíquico, inserção social, orientação histórica e conscientização. Fornecendo os subsídios fundamentais para lidarmos, com sentimentos complexos, psicologicamente sensíveis e potencialmente capazes de gerar neuroses, tais como tragédias e traumas históricos. A memória instrumentaliza, mas também oprime, tudo depende do processo de conscientização.
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