Entre as Antropologias do Brasil e de Angola:
notas de um percurso de pesquisa
DOI:
https://doi.org/10.5335/hdtv.22n.4.14072Palavras-chave:
Angola, Brasil, Ensino Superior, Antropologia, Ciências SociaisResumo
Este texto se concentra em uma parte da minha pesquisa de Doutorado realizada em Angola, na Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto. Me atenho as experiências vivenciadas lá, enquanto antropóloga negra brasileira. Muitas foram as questões que emergiram acerca da Antropologia do Brasil que construiu minha formação quando aproximadas a Antropologia produzida em Angola. No jogo relacional entre ser antropóloga brasileira e pesquisar sobre Ciências Sociais em/de Angola, entrelugares foram se apresentando, apontando caminhos e constituindo as contingências da pesquisa. O texto se divide em quatros momentos: saída do Brasil chegada em Angola; em seguida, apresento um pouco do percurso feito na Faculdade de Ciências Sociais e o curso de Antropologia desta Faculdade, e o que isso garantiu, que etnografia foi essa, e como ela se organizou; posteriormente, pontuo como retornei ao Brasil, e finalizo pensando quais possibilidades podem ser pensadas para esse percurso que ainda não findou. Faço uso de material de campo arquivado: rememorações do diário de campo, e algumas descrições sobre os espaços transitados, perguntas lançadas nas interlocuções e na rotina do campo. Nesse itinerário coube pensar as relações entre as projeções educacionais a partir do Brasil em direção à Angola, projeções que conferem ou não pontes de interlocução e diálogos para as Antropologias desses países.
Downloads
Referências
BONETTI, Aline; FLEISCHER, Soraya. Introdução. Diário de campo. (Sempre) um experimento etnográfico-literário?. In: BONETTI, Aline; FLEISCHER, Soraya (Orgs.). Entre Saias Justas e Jogos de Cintura. Santa Cruz do Sul: Editora EDUNISC, 2007.
CANDEMBO, Silva; CARVALHO, Paulo de. O calar das armas foi a principal conquista da Paz. Revista Angolana de Sociologia, n. 11, p. 122-129, jun., 2013.
FERNANDES, Mille Caroline Rodrigues. De Angola à Nilo Peçanha: Traços da Trajetória Histórica e da Resistência Cultural dos Povos Kongo/Angola na Região do Baixo Sul. 2020. 260f. Tese (Doutorado em Educação e Contemporaneidade) – Departamento de Educação, Universidade do Estado da Bahia, Salvador, 2020. Disponível em: http://www.cdi.uneb.br/site/wp-content/uploads/2021/03/MILLE-FERNANDES-2020-REVISADO-SEM-MARCAS-RETORNO-05-de-marco-de-2021-1-1-compactado.pdf . Acesso em 09 de setembro de 2022.
GOMES, Nilma Lino. O Movimento Negro Educador: saberes construídos nas lutas por emancipação. Petrópolis/Rio de Janeiro: Vozes, 2017.
GONZALEZ, Léila. Primavera para Rosas Negras: Léila Gonzalez em primeira pessoa. UCPA – União dos Coletivos Pan-Africanistas (Orgs.); São Paulo: Diáspora Africana, 2018.
GROSSI, Miriam Pillar. Na Busca do “Outro” Encontra-Se A “Si Mesmo”. In: GROSSI, Miriam Pillar (Org.). Trabalho de campo & subjetividade. Publicação do Grupo de Estudos de Gênero e Subjetividades – Programa de Pós-graduação em Antropologia Social. Florianópolis: Centro de Filosofia e Ciências Humanas (UFSC), 1992.
GUIMARÃES, Antonio Sérgio A; RIOS, Flavia; SOTERO, Edilza. COLETIVOS NEGROS E NOVAS IDENTIDADES RACIAIS. Revista Novos estudos - Dossiê Raça, desigualdades e políticas de inclusão. CEBRAP: São Paulo, v. 39, n.2, p. 309-327, mai-ago, 2020.
GUSMÃO, Neusa Maria Mendes de. África e Brasil no mundo acadêmico-Diálogos cruzados. In: COSTA, Ana Bénard da; BARRETO, Antónia (Orgs.). Anais do COOPEDU – Congresso Portugal e os PALOP Cooperação na Área da Educação. Lisboa: Editora CEA, ISCTE-IUL, v. 2, p. 283-299, 2011. Disponível em: https://repositorio.iscte-iul.pt/bitstream/10071/3012/1/Gusm%c3%a3o_COOPEDUI_4.7.pdf. Acesso em 09 de setembro 2022.
HOOKS, bell. Erguer a voz: pensar como feminista, pensar como negra. Tradução Cátia Bocaiuva Maringolo. São Paulo: Elefante, 2019.
HOUNTONDJI, Paulin J. Conhecimento de África, conhecimento de africanos: duas perspectivas sobre os estudos africanos. Revista Crítica de Ciências Sociais. Coimbra, n. 80, p. 149-160, out., 2008.
KAJIBANGA, Víctor. Sociologia em Angola: paradigmas clássicos e tendências actuais. Revista Angolana de Sociologia, Luanda, n. 4, p. 1-16, 2009.
KILOMBA, Grada. Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano. Rio de Janeiro: Editora Cobogó, 2019.
MEAD, Margaret. Sexo e Temperamento. São Paulo: Editora Perspectiva, 1976.
NASCIMENTO, Abdias. O genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado. São Paulo: Editora Perspectiva, 2016.
PEREIRA, Luena Nascimento Nunes. Os Bakongo de Angola: religião, política e parentesco num bairro de Luanda. 184f. Tese (Doutorado em Antropologia Social) – Departamento de Serviço de Comunicação Social (FFLCH/USP), São Paulo, 2008. Disponível em: < https://repositorio.usp.br/item/001439572>. Acesso em 09 de setembro de 2022.
PEREIRA, Luena Nascimento Nunes. Alteridade e raça entre África e Brasil. Revista de Antropologia. V. 63, n.2, p. 1-14, 2020.
SEVERO, C. G.; SASSUCO, D. P.; BERNARDO, E. P. J. Português e línguas bantu na educação angolana. Línguas e Instrumentos Linguísticos, n. 43, p. 290-307, jan-jun, 2019.
SANTOS, Jacqueline Lima. Imaginando uma Angola pós-colonial: a cultura HipHop e os inimigos políticos da Nova República. 314f. Tese (Doutorado em Antropologia Social) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Campinas/São Paulo, 2019. Disponível em: < https://bdtd.ibict.br/vufind/Record/UNICAMP-30_2b7317bc70721a8a765da6edd6bdd2eb>. Acesso em 09 de setembro de 2022.
SILVA, Dayane Augusta Santos da. Na cobertura da retaguarda: mulheres angolanas na luta anticolonial (1961-1974). 417f. Tese (Doutorado em História) – Departamento de História, Universidade de Brasília (UNB), Brasília, 2021. Disponível em: https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/43515/1/2021_DayaneAugustaSantosdaSilva.pdf . Acesso em 09 de setembro de 2022.
SILVA, Santa Julia. O Reino do Bailundo e os modos de viver e narrar as tradições:
fragmentos de uma Angola Contemporânea. 250f. Tese (Doutorado em Antropologia Social) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Campinas/São Paulo, 2020. Disponível em: https://www.unicamp.br/unicamp/teses/2020/09/29/o-reino-do-bailundo-e-os-modos-de-viver-e-narrar-tradicoes-fragmentos-de-uma . Acesso em 09 de setembro de 2022.
STRATHERN, Marylin. Um lugar no debate feminista. In: STRATHERN, Marylin. O gênero da dádiva: problemas com as mulheres e problemas com a sociedade na Melanésía. Tradutor André Villalobos. Campinas/São Paulo: Editora Unicamp, 2006.
SOARES, Maria Andrea dos Santos. On the Colonial Past of Anthropology: Teaching Race and Coloniality in the Global South. Humanities , v. 8, n. 88, p. 1-12, 2019.