Jorge Amado, a infância e a máquina literária:
do trapiche ao cais, entre o estigma e a revolução (Salvador, 1937)
DOI:
https://doi.org/10.5335/hdtv.23n.1.13441Palavras-chave:
Jorge Amado, Modernismo literário, Capitães da AreiaResumo
Parte-se de uma pesquisa sobre o “dispositivo da menoridade”, isto é, a rede de saberes, poderes, instituições, profissões e leis que contribuíram para a emergência histórica do conceito-imagem do menor infrator no Brasil a partir da Primeira República (1890-1930), passando por transformações ao longo do século XX. Neste texto, recorta-se o romance Capitães da Areia (1937), de Jorge Amado, para problematizar as condições de emergência de narrativas sobre a relação entre infância, abandono e delinquência na cidade de Salvador (BA) na década de 1930, em meio às mudanças pelas quais passava o país após a “Revolução de 1930” e a instituição do Estado Novo (1937-1945). Mobilizando as ferramentas teórico-conceituais de Michel Foucault acerca da análise enunciativa observa-se os modos de constituição da literatura como crítica social às relações de desigualdade socioeconômica.
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