Feminismos e literatura:
a liberação sexual e as indicações literárias do Mulherio (1981-1988)
DOI:
https://doi.org/10.5335/srph.v22i1.13656Palavras-chave:
Feminismo, Imprensa, LiteraturaResumo
Este artigo pretende analisar de que modo as feministas do jornal Mulherio retrataram as transformações culturais da década de 1980, sobretudo, em relação às práticas sexuais femininas. Naquele momento, as mulheres passavam a retratar as experiências com o próprio corpo e sexualidade nas produções literárias, que eram impulsionadas nas páginas do periódico paulistano Mulherio como indicação às leitoras. Paralelamente, elas precisavam lidar com o conservadorismo presente no discurso religioso, a censura proveniente do regime civil-militar, e com a violência e as inseguranças masculinas que se apresentam como reação à nova identidade feminina, por sua vez, sexualmente ativa e descentrada da maternidade. Argumenta-se que as páginas do Mulherio trabalharam para a divulgação do movimento de liberação sexual feminina e na construção de uma rede de apoio entre as leitoras com o intuito de promover a crítica feminista aos papéis sexuais.
Downloads
Referências
BADINTER, Elisabeth. XY: sobre a identidade masculina. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993.
BRASIL. Ato Institucional I, de 09 de abril de 1964. Presidência da República. Brasília, DF: BRASIL, 1964.
BUTLER, Judith. Os atos performativos e a constituição do gênero: um ensaio sobre a fenomenologia e teoria feminista. Tradução de Jamille Pinheiro Dias. Cadernos de Leitura. Belo Horizonte, n.78, 2018.
CARDOSO, Elizangela Barbosa. Entre o tradicional e o moderno: os femininos na revista Vida Doméstica. Niterói, v.9, n.2, p.103-134, 2009.
CARVALHO, Maria do Amparo Alves de. História e Repressão: fragmentos de uma memória oculta em meio às tensões entre a Igreja Católica e o regime militar em Teresina. Dissertação (Mestrado em História do Brasil) – Universidade Federal do Piauí, Teresina, 2006.
CONELL, Robert W. Políticas da masculinidade. Revista Educação e Realidade. Porto Alegre, v.20, n.2, 2017.
CORRÊA, Mariza. Do feminismo aos estudos de gênero no Brasil: um exemplo pessoal. Cadernos Pagu. São Paulo, v. n. 16, p. 13–30, 2016.
HOBSBAWM, Eric. A Era dos Extremos: O Breve Século XX. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
LAMARÃO, Sérgio. A Marcha da Família com Deus pela Liberdade. CPDOC FGV, 2004. Disponível em: https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/Jango/artigos/AConjunturaRadicalizacao/A_marcha_da_familia_com_Deus. Acesso: 10 de abril de 2022.
NOVAIS, Fernando Antônio; MELLO, João Manuel Cardoso de. Capitalismo tardio e sociabilidade moderna. História da vida privada no Brasil: contrastes da intimidade contemporânea. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
NOVAIS, Fernando Antônio; MELLO, João Manuel Cardoso de. Capitalismo tardio e sociabilidade moderna. In: História da vida privada no Brasil: contrastes da intimidade contemporânea. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
OLIVEIRA, Gustavo. Políticas públicas do sistema de saúde brasileiro para pacientes portadores do vírus HIV. Oswaldo Cruz, São Paulo, ano 6, n.22, abril-junho, 2019.
PEDRO, Joana Maria. A experiencia com contraceptivos no Brasil: uma questão de geração. Revista Brasileira de História. São Paulo, v.23, n.45, p 239-260, 2003.
PEDRO, Joana Maria. As representações do corpo feminino nas práticas contraceptivas, abortivas e no infanticídio – século XX. MATOS, Maria Izilda Santos de.; SOIHET, Rachel (org.). O corpo feminino em debate. São Paulo: UNESP, 2003.
PERROT, Michelle. Os silêncios do corpo da mulher. O corpo feminino em debate. São Paulo: UNESP, 2003.
PRESOT, Aline Alves. As Marchas da família com Deus pela Liberdade e o Golpe de 1964. Dissertação (Mestrado em História Social) – Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2004.
PINSKY, Carla Bassanezi. Mulheres dos anos dourados. DEL PRIORE, Mary (org.). História das Mulheres no Brasil. 10. ed., São Paulo: Contexto, 2011.
RAGO, Margareth. Trabalho feminino e sexualidade. DEL PRIORE, Mary (org.). Histórica das Mulheres no Brasil. 10. ed. São Paulo: Contexto, 2011.
RUBIN, Gayle. O tráfico de mulheres: notas sobre a “economia política” do sexo. Tradução Christine Rufino Dabat, Edileusa Oliveira da Rocha e Sônia Corrêa. Recife: Editora SOS Corpo, 1993.
SENA, Tito. Os relatórios Masters e Johnson: gênero e as práticas psicoterapêuticas sexuais a partir da década de 70. Estudos Feministas. Florianópolis, v.18, n.1, 2010.
SOIHET, Rachel. Violência simbólica: saberes masculinos e representações femininas. Estudos Feministas, Florianópolis, v.5, n.1, 1997.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional – CC-BY que permitindo o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal), a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado, de acordo ainda com a democratização científica prevista pela Ciência Aberta.