Educação política e “literatura da práxis” em relatos de viagem à URSS nos primeiros anos da Guerra Fria:
dimensões da clandestinidade entre o testemunho e o “pacto autobiográfico”
DOI:
https://doi.org/10.5335/hdtv.23n.3.15229Parole chiave:
Educação política., Relatos de viagem à URSS., “Pacto autobiográfico”.Abstract
Este texto busca compreender os relatos de viagem à URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) na primeira metade da década de 1950 como parte importante do conjunto de práticas educativas que se realizavam entre comunistas que atuaram na clandestinidade política. A partir do tema escolhido, é problematizada a relação entre educação, clandestinidade e cultura política, no caso dos relatos de militantes do PCB (Partido Comunista Brasileiro) que frequentavam escolas de formação política na URSS, além das noções associadas à ideia de “pacto autobiográfico” e de testemunho para o caso dos escritores de literatura que detinham papel específico na educação comunista. Verifica-se que no início da década de 1950, muitos escritores assumiram o papel de disseminadores dos valores da cultura política comunista, orientados por um novo estatuto da literatura que procurava se associar às discussões de questões políticas e sociais que se voltavam à práxis e à transformação social. Analisa-se, ao final, o relato As muralhas de Jericó, de Josué Guimarães, a partir dos pressupostos desse novo estatuto da literatura entre fins dos anos 1940 e meados dos 1950.
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