Reflexões sobre a relação de crianças surdas com um recurso digital para a apropriação de língua portuguesa escrita em ambiente escolar
DOI:
https://doi.org/10.5335/rep.v26i2.8473Palavras-chave:
Tecnologias. Língua Portuguesa como L2. Libras. Surdez. Infâncias.Resumo
A partir de pesquisa anterior sobre a criação de um recurso digital para ensino-aprendizagem de língua portuguesa escrita como segunda língua (L2), o presente artigo busca evidenciar a importância de considerarmos as percepções das crianças (particularmente as surdas, neste caso) para a elaboração conjunta desses materiais. São apresentados alguns registros das interações, em sala de aula, de um grupo de crianças surdas – meninas entre 7 e 11 anos de idade – com o artefato digital desenvolvido, em que se destacam as formas de audiência infantil na relação com o docente surdo e a mídia em questão. Tendo como aportes teóricos a Pedagogia da Infância e os estudos no campo da Filosofia da Diferença, conclui-se que o espaço escolar tem se configurado como local em que tanto o desenvolvimento de recursos didáticos na educação bilíngue de crianças surdas como as práticas pedagógicas nesse sentido são ainda amplamente controlados pelos adultos. Nesse sentido, considera-se a necessidade de tensionar práticas tradicionais de ensino de língua portuguesa como L2 para crianças surdas, uma vez que há possibilidades para fazeres pedagógicos menos normativos na educação bilíngue, a partir do envolvimento das crianças neste processo e de um outro olhar dos pesquisadores e produtores de recursos midiático-tecnológicos nesse ínterim.