Bullying escolar: a (in)visibilidade do fenômeno e dos protagonistas crianças
DOI:
https://doi.org/10.5335/rep.v27i2.11426Palavras-chave:
Infância. Bullying escolar. Participação infantil.Resumo
Este artigo debruça-se sobre o bullying escolar, fenômeno complexo e ativo nas escolas. Com caráter inovador, também por estruturar-se sobre pesquisa qualitativa, traz resultados de um estudo desenvolvido com três turmas – pré-escola, 1º e 3º ano – de uma escola de educação básica portuguesa. A metodologia envolveu observações diárias nos tempos livres e formais, grupos focais com crianças e entrevistas individuais com professores e funcionárias. Constatamos que práticas de bullying, por diversas formas, são comuns nas três turmas e poucas vezes são percebidas pelos adultos. Crianças de ambos os gêneros exercem papéis de agressoras e de vítimas. No contexto, essas últimas ocupam um lugar social de incapacidade e de não pertencimento. Agressores habituais evidenciam impossibilidade para uma participação lúdica em jogos e brincadeiras. Participar em jogos e brincadeiras é uma condição determinante à pertença e evita possível vitimização. É comum que uma dupla ou um trio de alto desempenho escolar incite os demais pares para práticas de bullying. Pertencer à etnia cigana é um fator automático de discriminação. As crianças são capazes de uma leitura profunda e propositiva do contexto institucional. Há que ser questionado um modelo de escolarização, alheio às crianças e ao seu direito de participação.