A cultura escolar e a produção da cultura da escola com a entrada/permanência do "novo" na escola: um ensaio sobre os seus efeitos

Autores

  • Adriana Dickel Universidade de Passo Fundo Autor
  • Flaviana Demenech Universidade Federal de Pelotas. Autor

DOI:

https://doi.org/10.5335/rep.v23i1.6337

Palavras-chave:

Cotidiano escolar. Cultura escolar. Escola. Gestão.

Resumo

O processo de universalização do ensino viveu diferentes momentos, impulsionado pelos meios populares organizados e pelo contexto econômico em constante transformação. Com este trabalho, pretende-se compreender as estratégias que as escolas estão produzindo para atender a grupos que, além de ter acesso à escola, permanecem nela em razão de programas sociais de diferentes naturezas e objetivos. Esses grupos levam consigo necessidades e demandas e projetam sobre esse ambiente ações, linguagens, concepções, que aprofundam a heterogeneidade presente no cotidiano escolar e tensionam a tendência à homogeneização, peculiar a esse espaço. Inicialmente, aprofundam-se aspectos desse contexto por meio da exploração de três categorias: o “novo”, tendo por referência os trabalhos de Sader (1988) e de Ezpeleta e Rockwell (1989), a cultura escolar, com base em Viñao Frago (2005) e Forquin (1993), dentre outros, e a cultura da escola, por meio dos estudos de Lahire (2005) e Mafra (2003). Na sequência, com base em um estudo de caso etnográfico realizado em duas escolas públicas do município de Passo Fundo, RS, são expostas cenas que remetem a duas estratégias – acolhimento e relação família/escola – utilizadas pelas escolas para administrar as tensões que esse cenário produz. Conclui-se que, quando novos personagens entram em cena, os tensionamentos próprios do caráter público imposto historicamente à escola se exacerbam e velhas contradições se tornam mais evidentes. As escolas fazem um grande esforço para acolher e fazer com que o “novo” permaneça na escola, por vezes, reforçando o ideal de padronização e a imposição de regras próprias da cultura escolar, e, por outras, recrudescendo os problemas vividos pelas crianças e jovens, ao buscar na família apoio para pressioná-los a adequarem-se ao seu modo de operar. Observa-se, ainda, que o projeto de formação da escola sucumbe à necessidade de administrar o caos que se entranhou em seu cotidiano, sem que consiga oferecer razões aos jovens e às crianças para que assumam um lugar nesse projeto.

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Biografia do Autor

  • Adriana Dickel, Universidade de Passo Fundo
    Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação e do curso de Pedagogia da Universidade de Passo Fundo. Pós-doutora (como bolsista Capes) pela Universidad Autónoma de Barcelona, doutora e mestra em Educação pela Universidade Estadual de Campinas. É especialista em Epistemologia das Ciências Sociais e graduada em Letras pela Universidade de Passo Fundo.
  • Flaviana Demenech, Universidade Federal de Pelotas.
    Doutoranda em Educação pela Universidade Federal de Pelotas. Mestre em Educação pela Universidade de Passo Fundo (como bolsista Capes). Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Campus Foz do Iguaçu.

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Publicado

2016-09-07

Como Citar

A cultura escolar e a produção da cultura da escola com a entrada/permanência do "novo" na escola: um ensaio sobre os seus efeitos. Revista Espaço Pedagógico, [S. l.], v. 23, n. 1, 2016. DOI: 10.5335/rep.v23i1.6337. Disponível em: https://ojs.upf.br/index.php/rep/article/view/6337. Acesso em: 15 out. 2025.