Saúde, educação e a pós-verdade como estratégia de educabilidade: notas sobre a pandemia e o bolsonarismo
DOI:
https://doi.org/10.5335/rep.v28i2.11800Palavras-chave:
Educação. Saúde. Pós-verdade.Resumo
O presente artigo objetiva analisar a perspectiva da pós-verdade como estratégica enquanto meio de educabilidade principalmente durante a pandemia de coronavírus e o governo Bolsonaro. Desde sua campanha eleitoral, o atual Presidente Jair Bolsonaro, mandato 2019-2022, vem construindo uma política anti-intelectualista e de deslegitimação do saber científico, com ataques sistemáticos à universidade e à educação em geral, espaços que tradicionalmente são considerados legítimos para a produção e difusão da “verdade”. Acontece que com a pandemia estes ataques e processos de deslegitimação também se acentuaram à área da saúde. Assim, para tal análise, tomamos as ações e discursos assumidos pelo governo Bolsonaro e seus apoiadores em relação à educação, à ciência e à forma como conduziu a pandemia de coronavírus, através do ataque ao saber médico e a instituições como a Organização Mundial da Saúde (OMS). Desta forma, dividimos o texto em dois momentos, um para contextualizar a emergência da pós-verdade e os efeitos sobre o saber científico e, em seguida, a partir da materialidade já citada, mostramos como essa deslegitimação da ciência apresentou desdobramentos no enfrentamento da pandemia de coronavírus no Brasil. Apontamos que a deslegitimação do saber científico e das instituições do “dizer verdadeiro”, calcados nas práticas discursivas da pós-verdade, vem contribuindo para a divisão social, proliferação de teorias de conspiração, violência e crise das instituições de saber.