A pedagogia do oprimido: uma releitura pedagógica
DOI:
https://doi.org/10.5335/rep.v27i3.12366Palavras-chave:
Pedagogia. Antropotécnica. Conscientização. Humanização.Resumo
Levando em conta a vasta literatura sobre a pedagogia do oprimido, o presente texto se propõe a realizar uma leitura desde uma dimensão pouco abordada ou, pelo menos, reduzida nas leituras mais frequentes disponíveis: justamente sua dimensão pedagógica. Uma tentativa como a proposta aqui significa reler o livro de Freire desde um horizonte conceitual da pedagogia, e isso implica deslocar (não negar) o caráter eminentemente político outorgado à pedagogia do oprimido e recuperar seus vínculos estreitos com o pensamento e a tradição pedagógica ocidental. Em especial, a releitura da obra-prima de Freire em chave pedagógica implica um trabalho triplo: primeiro, localizá-la dentro de uma tradição antiga segundo a qual se compreende a politeia fundamentalmente como paideia; segundo, ressaltar que o processo de libertação através da educação só pode realizar-se mediante um processo de conscientização que o coloca em um horizonte gnosiológico ou epistêmico: trânsito que o oprimido deve levar a cabo da doxa até o logos; terceiro, reconhecer que a finalidade da educação libertadora é a humanização dos homens (oprimidos e opressores) e, nessa medida, se trata de uma questão claramente “antropotécnica”.