Solitude e isolamento: o caráter formativo do encontro consigo mesmo
DOI:
https://doi.org/10.5335/rep.v28i3.11810Palavras-chave:
Saúde Mental. Pandemia. Formação. Subjetividade. SolidãoResumo
O presente artigo reflete sobre um dos impactos causados pela pandemia da Covid-19 na saúde mental da população, a saber, o sofrimento psíquico resultante do distanciamento físico. A abordagem, porém, não se organiza em torno da justificativa para o sofrimento e resistência relativamente ao cumprimento das medidas cautelares, mas problematiza-os como possíveis sintomas da nossa dificuldade de ficarmos sós. A hipótese defendida é a de que a pandemia acabou induzindo a uma introspecção que não estávamos dispostos, nem aptos, a fazer. De um lado, intensificou o sentimento de solidão e o sofrimento dele advindo, de outro, colocou-o em evidência, permitindo que fosse pensado não como uma patologia, mas como inerente à condição humana, inclusive como uma experiência desejável. Assim, a partir de uma leitura crítico-hermenêutica de autores do campo filosófico e psicanalítico, estes escritos foram concebidos no interior de três movimentos: o primeiro apresenta alguns impactos produzidos pela pandemia na saúde mental, com destaque para o sofrimento decorrente do isolamento; o segundo problematiza filosófica e psicanaliticamente a noção de solitude como a versão positiva da solidão; e o último discute a possibilidade de extrair um sentido formativo da capacidade e da experiência de ficarmos sós.