A recepção da pedagogia do oprimido na Argentina: uma hipótese sobre a influência freireana na militância juvenil dos anos 1970
DOI:
https://doi.org/10.5335/rep.v27i3.12367Palavras-chave:
Pedagogia do oprimido. Movimentos juvenis. Liberação ou dependência. Argentina.Resumo
O quinquagésimo aniversário da publicação da Pedagogia do oprimido inspira infindas reflexões pedagógicas, políticas e históricas. Na Argentina, a presença teórica de Paulo Freire foi decisiva para completar o terreno fértil dos movimentos emancipatórios dos anos 1970. As juventudes politizadas desenvolviam tarefas que iam desde o “apoio escolar e alimentício” em villas de emergência (favelas no Brasil) até os movimentos de guerrilha urbana que haviam decidido tomar o caminho da luta armada. Eram e se percebiam herdeiros dos Nacionalismos populares latino-americanos, a Revolução Cubana e a Teologia da libertação. Na Argentina, esses diferentes movimentos tiveram uma característica particular, seus membros aderiram majoritariamente ao Justicialismo. No começo dos anos 1970, a pedagogia do oprimido impulsionou uma prática conscientizadora, preparatória do terreno para a “libertação” dos povos. Porém, essa prática era única e original entre as pedagogias críticas. Sua originalidade estava em duas questões centrais: a) o oprimido era o protagonista de sua própria educação, por ser portador de uma “cultura” silenciada; e b) o saber deveria produzir-se mediante um “diálogo entre sujeitos iguais”. No marco político da revolução possível, Pedagogia do oprimido teve um protagonismo quase excludente. Seu autor continua sendo protagonista ainda hoje.